São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Lula não consegue a adesão de Arraes à frente contra reformas

Lula e Arraes ontem no Palácio do Campo das Princesas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu ontem a adesão do governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), à frente de oposição às reformas constitucionais.
"Mobilizar antes de um debate seria mobilizar em cima do descontentamento, com o que eu não estou de acordo", disse Arraes.
Anteontem, o governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT), afirmou considerar precipitada a formação da frente articulada por Lula e pelo ex-governador fluminense Leonel Brizola, líder do PDT.
Arraes ressalvou que sequer foi convidado por Lula —com quem almoçou ontem em Recife— para integrar o movimento.
O governador pernambucano disse apoiar as "teses básicas" da frente, mas que o momento é de um debate nacional "para ver que rumos vai tomar esse país". Arraes não quer colidir com FHC no momento em que disputa com outros Estados a sede da nova refinaria da Petrobrás.
Duas horas antes de receber Lula, Arraes conversou por 50 minutos com o vice-presidente Marco Maciel.
Apesar de deixar claro que não está disposto a integrar a frente contra a reforma, Arraes defende a manutenção dos monopólios estatais e considera que a proposta do governo sobre a Previdência retrocede em termos sociais em relação às normas em vigor.
Maciel declarou que aposta no fracasso da frente proposta por Lula e Brizola.
Na avaliação do vice-presidente da República, as manifestações contra as reformas constitucionais "não empolgam a sociedade" e "nunca vão ser significativas". Maciel disse também apoiar a realização, pelo governo e pelo Congresso, de uma campanha de esclarecimento sobre o que pretende se modificar na Constituição.

Reação
Lula reagiu à previsão de fracasso da frente contra a reforma. "Maciel não conhece nada de movimento de massa", afirmou o petista.
O presidente nacional do PT declarou ainda que seu partido vai tentar proibir na Justiça o financiamento governamental de eventuais campanhas a favor das reformas.
Apesar disso, Lula defendeu o financiamento que o governo petista do Distrito Federal fez à manifestação contra a reforma, na semana passada. "Se eu fosse governador de Brasília, das próximas vezes ajudaria ainda mais", disse.

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