São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desgaste do governo derruba Muylaert

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desgaste da imagem do governo FHC provocou ontem a demissão do secretário de Comunicação Social, Roberto Muylaert, 59. É a primeira demissão no governo federal.
Muylaert deixou o cargo sob críticas à sua atuação na condução da política de comunicação e atribuiu o desgaste da imagem aos "equívocos" do próprio governo. Na sua opinião, os problemas de FHC são de falta de coordenador político.
"Estamos sendo criticados por aquilo que nunca fomos encarregados de fazer: imagem e comunicação do governo." Ele disse que estas questões são "claramente políticas" e confundidas como problemas da área de comunicação.
Na opinião do secretário, "tais equívocos acabaram criando problemas para o próprio governo".
A demissão de Muylaert foi acertada num almoço, ontem, entre ele e FHC. Ele disse que FHC precisará nomear um "comunicador político" que o acompanhe durante todo o dia, se quiser concentrar nesta secretaria a tarefa de zelar pela imagem do governo.
"A forma de resolver o problema da comunicação seria nomear uma pessoa que tivesse experiência política, até mesmo de política partidária, e ficasse próxima ao presidente o tempo todo". Ele disse que esse não é o seu perfil.
No pedido formal de demissão, Muylaert alegou motivos "estritamente pessoais". O porta-voz da Presidência, embaixador Sérgio Amaral, responderá interinamente pela secretaria.
Roberto Muylaert disse que estão "em pleno andamento" as quatro tarefas determinadas à secretaria: educação à distância, publicidade e administração da Radiobrás e da Fundação Roquete Pinto. Segundo ele, o projeto de educação à distância estará em operação em agosto.
Ele disse não ter sido nomeado para cuidar da imagem do governo. "Nunca fomos criticados pelas tarefas que nos coube realizar e de fato realizamos".
Na segunda reunião ministerial, na última sexta-feira, FHC cobrou dos ministros que expliquem melhor as propostas do governo. Ele estava convencido de que o governo não estava sendo eficiente em sua comunicação.
O embaixador Sérgio Amaral disse não haver previsão sobre pronunciamentos do presidente em cadeia de rádio e TV.

Texto Anterior: 'Índio cósmico' fez Darcy fugir
Próximo Texto: Choque com Motta foi decisivo na queda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.