São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Presos fazem motim de 7 h em São Vicente

ANTONIO ROCHA FILHO
ENVIADO ESPECIAL A SÃO VICENTE

Doze detentos do presídio Doutor Geraldo de Andrade Vieira, no bairro Samaritá, em São Vicente (litoral sul de SP), se rebelaram ontem. Eles mantiveram dez agentes penitenciários como reféns durante sete horas e meia. Os reféns só foram libertados após a transferência dos 12 presos.
A rebelião começou por volta de 9h30. Segundo agentes penitenciários, os presos da cela 39 estavam cavando um túnel para fugir. Com a chuva de anteontem à noite, o buraco teria enchido de água e desabado parcialmente, frustrando a fuga.
A rebelião teria começado para encobrir a tentativa de fuga. Os presos teriam colocado fogo em outra cela e, quando os agentes foram apagar o fogo, acabaram sendo dominados pelos presos, armados com facas e estiletes improvisados.
Os presos exigiam a presença do juiz-corregedor, da imprensa e sua transferência para outros locais.
O presídio tem capacidade para 200 detentos e abriga 330, mas apenas os 12 se rebelaram. O policiamento foi reforçado e 60 PMs cercaram o local. O juiz-corregedor Gilberto Ferreira da Cruz chegou por volta de 13h e liderou as negociações, auxiliado pelo diretor do presídio, Januário Galhardi.
A situação ficou tensa à tarde, quando os rebelados ameaçaram matar os reféns. Os presos trocaram de roupa com os agentes para confundir a polícia. Quando foram libertados, os agentes penitenciários disseram ter sido agredidos pelos presos e se queixaram de más condições de trabalho (leia ao lado).
A autorização da Coesp (Coordenadoria de Estabelecimentos Penitenciários do Estado de SP) para a remoção dos presos chegou por telex às 16h30. Vinte minutos depois, os reféns foram libertados e os 12 presos colocados no carro da Coesp, que os levaria para a Penitenciária do Estado, em São Paulo, onde ficam até hoje. Segundo o juiz-corregedor, os 12 presos serão distribuídos hoje por penitenciárias de São Paulo, Franco da Rocha, Bauru e na Detenção de São Vicente. Cruz disse que o desenlace "foi bom porque não houve feridos".

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