São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Covas busca proposta que termine com greve em SP

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária de Estado da Educação, Rose Neubauer, 50, e o governador Mário Covas, preparavam uma nova proposta salarial para os grevistas da rede de ensino de São Paulo ontem no início da noite.
A reunião, que começou às 16h, ainda estava ocorrendo às 19h, quando esta edição foi fechada. O fim da greve na educação estadual, que entra hoje no quinto dia, depende da nova proposta que o governo fizer.
Os grevistas —professores, diretores, supervisores e servidores— têm assembléia geral hoje às 15h, em frente ao Palácio dos Bandeirantes (sede do governo do Estado).
"Sem uma proposta melhor, a greve continua", afirmou o presidente da Apeoesp (o sindicato dos professores), Roberto Felício, 43. Os professores reivindicam um piso "emergencial" de três salários mínimos (R$ 210), já.
A última proposta do governo garantia uma gratificação (valor que não é incorporado ao salário) de R$ 39 para todos os níveis. Isso aumentaria o piso para R$ 180.
Ontem, durante encontro no início da tarde com Felício, a secretária Neubauer admitiu que o governo poderia elevar sua proposta de reajuste salarial.
O governo afirma que a situação financeira do Estado recebida da gestão anterior (de Luiz Antonio Fleury Filho) não permite aumentar os salários da forma como considera justo.
Secretários de Estado e deputados do PSDB têm argumentado que o governador Mário Covas não gosta de fazer promessas sem saber se vai realmente poder cumpri-las.
Como o governo ainda não sabe qual será o desenvolvimento este ano da arrecadação do ICMS (o imposto que responde pela maior parte dos recursos do Estado), Covas estaria preferindo não fazer promessas de aumentos futuros, só para acabar com a greve.
"Vamos aumentar certamente, mas quando for possível", diz a secretária de Educação. A adesão à greve ontem estava em cerca de 70% dos professores, segundo seu sindicato.
Entre os 1.500 supervisores de ensino —o nível mais alto da carreira do magistério—, a adesão estava em 60%, segundo a presidente da Apase (sindicato dos supervisores), Ana Maria Quadros, 53, que é vereadora pelo PSDB.
A Secretaria de Educação não fez estimativa da adesão.
A assembléia geral da rede estadual de ensino ocorre hoje no mesmo local onde, em 1993, houve enfrentamento entre manifestantes e policiais militares, deixando 13 feridos.
Antes dessa assembléia, deverá ocorrer uma reunião entre a secretária Neubauer e as entidades que lideram a greve, onde o governo vai apresentar sua contraproposta.

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