São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995![]() |
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Tortura foi a causa do motim, dizem detentos
MARCELO GODOY
O secretário da Justiça, Belisário dos Santos Junior, 46, disse que as acusações dos presos sobre tortura no presídio serão investigadas através de uma sindicância da secretaria e outra do Judiciário. Silva e Macalé lideraram o movimento com dois outros presos. Eles foram transferidos para a Penitenciária de Franco da Rocha (Grande São Paulo). "Queremos ficar perto da família", disseram. Macalé entregou para os jornalistas um conjunto de porretes e cassetetes que seriam usados pelos agentes para espancar detentos. Em dos cassetetes de madeira estava escrito "amansa zica (causador de confusão)" e "quebra ladrão". Os cassetetes eram bem torneados, o que indicaria que não foram feitos pelos presos durante a rebelião. "É um absurdo. Esses aparelhos, aparentemente, não foram confeccionados aqui dentro", afirmou Santos Júnior. Macalé disse que vários de seus companheiros já foram espancados na penitenciária. Ele está preso desde 1984 e condenado a 18 anos de prisão por roubo e homicídio. Macalé é portador do vírus HIV. Silva foi preso em 1980 sob a acusação de roubo e homicídio. Condenado a 50 anos de prisão, ele já cumpriu 15. "Aqui tinha muito espancamento, como na Casa de Custódia de Taubaté", disse Silva, que já passou quatro anos no anexo de segurança máxima em Taubaté. Motivo: "Matei um preso". Ele estava na penitenciária de Araraquara (SP) e foi transferido para Tremembé há seis meses. "Tem uma sala perto da diretoria que os agentes, bêbados, usam para espancar os presos"', disse o detentos Eduardo Soares, 24. Soares foi transferido ontem para a Casa de Detenção de São Vicente. Texto Anterior: Transferência garantiu fim do motim Próximo Texto: Líder dos agentes vê 'origem política' no motim Índice |
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