São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Líder dos agentes vê 'origem política' no motim

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Marcos Roberto Marcon, presidente do sindicato dos agentes penitenciários de Tremembé, disse à Folha que a rebelião no presídio tem origens políticas. "Nós, agentes, trabalhamos humilhados. A culpa é da administração, não há controle, não há auditoria."
Ele sustenta que os agentes se sentem desmotivados porque "o PSDB assinou embaixo a política penitenciária anterior, do PMDB. Tudo ficou a mesma coisa".
Marcon nega que os agentes tenham feito "corpo-mole". Nega ainda que seu sindicato tenha orientação partidária. Ele diz que há um responsável pelo início da rebelião. "Mas ele nunca vai ser encontrado."
Mesmo tentando mostrar que os agentes não são culpados pela rebelião, Marcon admite que 16 deles faltaram no domingo, quando começou o motim entre os presos de Tremembé. "Os agentes haviam saído de uma rebelião anterior, sexta-feira, em estado esdrúxulo. Eles tinham o direito de faltar 30 dias por ano, com justificativa. Por isso faltaram domingo."
Folha - A rebelião era prevista?
Marcos Marcon — Alertamos o governo de que haveria rebelião. A diretoria não está nem aí, batem ponto e caem fora, não há auditoria. O diretor nunca está presente para falar com o detento, o guarda só está ali para abrir e fechar portas. O culpado é quem deu autorização para que os visitantes entrassem às 7h, quando a rebelião havia terminado três horas antes.

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