São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Governo vai adotar medidas anticonsumo

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

As recentes declarações de lideranças empresariais sobre a redução no ritmo de consumo não convenceram o governo. Ao contrário, a equipe econômica acha que os empresários estão tentando evitar novas medidas de contenção do consumo. Ou seja, virão medidas restritivas nos próximos dias.
No Banco Central e no Ministério da Fazenda, é dominante a opinião de que a economia continua exageradamente aquecida. Técnicos ali acham também que os empresários começaram a falar em redução de vendas só depois que o governo anunciou disposição de lançar novas medidas para esfriar o consumo.
Para Fazenda e BC, a comparação do atual nível de vendas com períodos muito recentes não vale como indicador. Por exemplo, falar em queda de vendas de março para fevereiro é irrelevante.
Para o governo, qualquer comparação com seis meses atrás mostra que em todos os setores da economia a demanda cresce mais depressa do que a produção.
A indústria, em resposta ao aumento do consumo, ocupou rapidamente sua capacidade de produção. Mas o aumento dessa capacidade depende de novas fábricas ou ampliações.
É um processo mais lento, mesmo porque depende da confiança do empresariado no prosseguimento da estabilidade. Assim, é propósito firme do governo impedir que o consumo continue subindo nos níveis do segundo semestre de 94.
As medidas de restrição serão tomadas na área do Banco Central. Referem-se, portanto, à contenção das vendas a crédito e nos estímulo à poupança financeira. Ou seja, a taxa de juros continua elevada.
O governo continua dizendo que, no futuro, vai reduzir os juros, mas não diz quando. E a variável principal é o consumo.
A idéia é dar tempo para garantir a estabilidade, inclusive com as reformas, e para o aumento da capacidade de produção.

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