São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Zélia Duncan foge do ecletismo no Sesc

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM

Local Show: Zélia Duncan
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/864-8417)
Quando: hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h
Quanto: R$ 12 e R$ 6 (comerciários)

O show que Zélia Duncan estréia hoje em São Paulo, no Sesc Pompéia, reflete o alívio da cantora e compositora com o fim da moda das "cantoras ecléticas".
Ela apresenta composições próprias do disco lançado no ano passado e canta músicas de Rita Lee ("João Ninguém"), Jacob do Bandolim ("Doce de Coco", que ela conheceu na voz de Elizeth Cardoso) e Itamar Assumpção ("Vou Tirar Você do Dicionário"). Mas sem ecletismos.
Zélia chegou ao mercado no auge da moda, inaugurada em 1989 com a revelação de Marisa Monte. "Foi um inferno. Eu, que cantava há 200 anos, fui jogada no mesmo saco com as bonitinhas, as iniciantes, com todo mundo."
Zélia nunca foi "eclética". Diz que sempre se preocupou, nas composições próprias ou em interpretações de outros autores, em construir um trabalho de coerência e unidade.
Ela começou a cantar em 1981, aos 16 anos. "Fiz tudo que um cantor que não é rico nem tem pai famoso faz", diz. Foi locutora, fez jingles comerciais, cantou na noite, cursou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras.
Viu-se forçada a optar entre a música e o teatro. "O que têm de lindas, as duas carreiras têm de difíceis", diz. Escolheu a música.
Abriu shows para Luiz Melodia e viajou pelo Brasil no extinto projeto Pixinguinha, apresentando-se com Cida Moreyra e Wagner Tiso.
Em 1990, a gravadora Eldorado viu um show e resolveu gravar "Zélia Cristina", seu primeiro disco. "Nessa época, eu era para as gravadoras apenas uma cantora, todo mundo só queria cantoras, intérpretes", diz. O disco tinha músicas de Luiz Melodia, Rita Lee e Gilberto Gil.
O contrato com a Warner, que resultou no segundo disco, está centrado, segundo Zélia, num projeto de carreira. "A Warner comprou um trabalho, não uma cantora", diz.
O disco enfatiza as composições próprias, quase sempre em parceria com Christiaan Oyens. Além delas, Zélia canta "Lá Vou Eu" (canção de Rita Lee que integrou, em 1975, a trilha sonora da telenovela "O Grito"), uma versão para "Cathedral Song", de Tanita Tikaran, e "Am I Blue for You", de Joan Armatrading.
A escolha de músicas de mulheres foi, segundo ela, casual. "Eu nem tinha percebido. Acho que acabo ouvindo mais mulheres, até por uma questão de instinto".
Zélia cita, entre suas prediletas, k.d. lang, Joni Mitchell, Ná Ozetti, Cida Moreyra, Me'shell (cantora do selo de Madonna). Entre os homens, Neil Young, Bob Dylan, Ry Cooder, Seal.
"Estão me chamando agora de cantora pop. Apesar do rótulo, é isso mesmo que quero fazer: pop acústico brasileiro", conclui.

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