São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995 |
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FHC agora critica até órgãos do governo
WILLIAM FRANÇA
Ontem, num inflamado pronunciamento diante de nove governadores da região amazônica e de uma platéia de aproximadamente 200 políticos locais, FHC criticou o Banco Central e se queixou das pressões que recebe para nomear os segundos e terceiros escalões. No discurso que encerrou o encontro com os políticos e os governadores na Casa de Hospedagem da empresa Vale do Rio Doce, em Carajás, FHC criticou ainda o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pouco antes de encerrar sua fala de 40 minutos, criticando as "discussões estéreis", FHC disse que não queria terminar seu discurso apenas fazendo análises do país. Em um lance de marketing político, decidiu, com o ministro dos Transportes, Odacir Klein, autorizar a liberação de R$ 4,4 milhões para as obras da hidrovia Araguaia-Tocantins. "Já", enfatizou. Segundo Klein, este anúncio só aconteceria em Manaus, e a decisão de antecipá-lo coube a FHC, na hora. Os governadores presentes, que em sua maioria haviam pedido recursos para a obra momentos antes, o aplaudiram. FHC condenou o que chamou de "catastrofismo" e a "fracassomania". Defendeu o Plano Real e as medidas de contenção de consumo anunciadas na quarta-feira. "O sucesso do Plano Real depende que tenhamos firmeza de, com antecipação, tomar decisões que podem, às vezes, não ser boas, não ser populares", disse. Em seguida, disse que, se não fizesse isto agora, "em poucos meses mais, se pagaria o preço". Para FHC, depois, não há mais sentido: "É a crise cambial, é a volta da inflação", que, segundo ele, não ocorrerá novamente no Brasil "em nenhuma hipótese". FHC esteve durante seis horas em Carajás reunido com nove governadores da Região Amazônica: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O previsão inicial era de uma permanência de apenas quatro horas, mas o acidente em que quase se envolveu e um encontro extra-agenda com prefeitos da região atrasaram a programação. FHC ficou isolado, por pelo menos 26 quilômetros, da manifestação de sem-terras que aconteceu na cidade de Paraopebas, onde está o núcleo urbano de Carajás. Sequer soube que ela ocorreu. Na entrada do auditório onde se reuniu com os governadores, FHC foi saudado por um grupo de 500 alunos que portavam bandeirinhas do Brasil e do Pará. Mesmo depois de ficar mais de uma hora sob o sol de 28 graus, eles ainda gritaram "Dá-lhe, Fernando, olê, olê, olê", como numa torcida de um jogo. Texto Anterior: Ação contra colunista tem audiência em SP Próximo Texto: Hóspedes cedem lugar a comitiva Índice |
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