São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995 |
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OS 90 DIAS DE FHC À FRENTE DO GOVERNO 1º.jan - Toma posse Fernando Henrique Cardoso, 63, como 38º presidente do país. Pesquisa Datafolha indica que para 70% da população o governo FHC será ótimo ou bom. O índice de aprovação do Plano Real é de 79%. NO DIA DA POSSE 70% da população achava que o governo FHC seria ótimo ou bom 2.jan - O ministro Sérgio Motta (Comunicações), em seu discurso de posse, critica o senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), um dos principais aliados do governo. Motta acusa uso político do ministério na gestão de ACM (85-90). 4.jan - Governo não consegue aprovar a indicação de Pérsio Arida para a presidência do Banco Central. Grupo de senadores vai tomar café no Senado e faz com que o quórum não seja atingido. O "grupo do cafezinho" condiciona a aprovação do nome de Arida ao comprometimento do Planalto em sancionar a anistia ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB). 5.jan - Fracassa nova votação no Senado, para aprovação de Arida, por falta de quórum. 10.jan - Senado aprova Arida para a presidência do BC. 17.jan - Câmara aprova aumento de 95% para o salário dos parlamentares, salário de R$ 8.500 para o presidente da República e de R$ 8.000 para ministros. 18.jan - Câmara e Senado anistiam Humberto Lucena. Câmara aprova em votação simbólica salário mínimo de R$ 100. É a primeira derrota do governo na Câmara. Para FHC, o aumento compromete as contas da Previdência Social. 19.jan - O ministro Pedro Malan (Fazenda) anuncia o déficit comercial de dezembro: US$ 884 milhões. O valor é quase 19 vezes maior do que os US$ 47 milhões anunciados anteriormente. É o maior déficit em um único mês da história do país. 25.jan - FHC recua da decisão de aceitar serviços gratuitos, sem licitação, da agência de publicidade DM9. A inflação oficial (IPC-r) de janeiro fecha em 1,67%, 0,52 ponto abaixo da apurada em dezembro. 27.jan - Governo norte-americano pede que Brasil, Argentina, Chile e Colômbia emprestem juntos US$ 1 bilhão ao México. O Brasil entraria com US$ 300 milhões. 30.jan - Bolsas de valores caem nas principais cidades da América Latina e em Nova York devido a boatos de que o México decretaria moratória. Bolsa paulista fecha com queda de 5,3%. O peso mexicano cai 9,38% no dia. 1º de fevereiro - Despenca aprovação a FHC. Pesquisa Datafolha revela que apenas 36% consideram atuação do governo ótima ou boa. A aprovação ao Real se mantém: 75% acham o plano bom. 3.fev - FHC faz primeiro pronunciamento em rede de rádio e televisão. Anuncia veto ao mínimo de R$ 100 e corte de 25% em seus vencimentos e de seus ministros. ACM classifica de hipócrita passagem do discurso que critica distribuição política de rádio e TV. 6.fev - Montadoras, governo e trabalhadores acertam aumento da alíquota do imposto de importação de carros de 20% para 32%. 9.fev - Governo anuncia aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos carros populares de 0.1% para 8%. FHC dá aula a crianças da 1ª à 4ª série em Santa Maria da Vitória (BA). ACM ameaça votar contra veto presidencial ao mínimo. 13.fev - FHC sanciona Lei de Concessões que permite à iniciativa privada explorar serviços como distribuição de energia e saneamento básico. 14.fev - Em almoço com sindicalistas, FHC classifica como "nhenhenhém" a insistência em associá-lo ao neoliberalismo. 16.fev - FHC chama de demagógica pergunta da Folha, em entrevista coletiva, sobre o que faria se ganhasse o mínimo de R$ 70. "Não sobreviveria", diz. País registra novo saldo negativo na balança comercial. O déficit de janeiro fica em US$ 290 milhões. O IPC-R DE FEVEREIRO FICOU EM 0,99% foi o menor índice desde julho de 1986 28. fev - FHC vai ao Uruguai para a posse do presidente Julio Maria Sanguinetti. Sanguinetti chama o Plano Real de "fórmula de laboratório". 1º e 2 de março - FHC vai a Santiago (Chile), onde se exilou durante o regime militar. Encontra o presidente chileno Eduardo Frei. País registra fuga de de capital especulativo de US$ 1,247 bilhão em fevereiro. Em 94 inteiro a fuga foi de US$ 339 milhões. 6.mar - Governo desvaloriza o real frente ao dólar e anuncia que a moeda americana passa a variar de R$ 0,86 a R$ 0,90 (sistema de bandas cambiais). 7.mar - Dólar dispara e vai a R$ 0,90. O presidente do BC, Pérsio Arida, diz que o governo "se reserva o direito" de alterar as bandas quando for necessário. 8.mar - Bolsa paulista cai 9,64%, segunda maior queda do ano. GOVERNO GASTA ATÉ US$ 5,5 bilhões, segundo estimativas do mercado 9.mar - BC realiza 32 leilões de venda de dólares. Gasta entre US$ 4 milhões e US$ 5,5 milhões. Dólar paralelo fecha o dia em R$ 0,90. Pimenta da Veiga renuncia à presidência do PSDB devido a atritos com o ministro Sérgio Motta. 10.mar - Pérsio Arida admite ter errado na divulgação das medidas durante a semana. Governo descredencia vários "dealers", instituições que atuam em nome do BC. Bolsa paulista sobe 25,62%, segunda maior alta em um único dia. 13.mar - A Folha revela que cinco bancos anteciparam o valor que o BC se dispôs a pagar pelo dólar no leilão do dia dez. BC diz desconhecer vazamento de informações. 16.mar - Média diária de fuga de capital quase triplica após crise do câmbio e chega a US$ 242 milhões. 17.mar - FHC enfrenta, no centro do Rio, o primeiro grande protesto contra seu governo. Há confronto entre manifestantes (500 segundo a PM, 3.000 de acordo com sindicalistas) e a Polícia do Exército. Participam estudantes e sindicalistas. FHC atribui protesto a "derrotados" nas eleições. Surgem boatos de que o presidente do BC, Pérsio Arida, teria dado informações privilegiadas sobre o câmbio ao seu amigo Fernão Bracher, do banco BBA. 20.mar - Rumores de queda do diretor do BC Gustavo Franco levam o dólar comercial a R$ 0,91. 21.mar - Arida diz no Senado que o BC lucrou R$ 82 milhões com a crise cambial, mas não é questionado sobre supostas irregularidades na atuação dos "dealers". 22.mar - Manifestação em frente à Esplanada dos Ministérios protesta contra a reforma constitucional e o governo FHC. Segundo a PM o protesto reúne de 8 mil a 10 mil pessoas. Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), organizadora do ato, os manifestantes são 20 mil. A Folha revela que o governo do Distrito Federal, do PT, financiou parte do protesto. Déficit comercial de fevereiro é o maior já registrado no país: US$ 1,095 bilhão. Governo sofre primeira derrota na reforma constitucional. Deputados desmembram emenda que muda a Previdência. 24.mar - FHC ataca a "velha direita carcomida" e a "falsa esquerda" em discurso em São João do Jaguaribe (CE), onde entrega títulos de posse de terra. Cerca de 30 manifestantes protestam contra o governo. 28.mar - Governo decide adiar reforma da Previdência por falta de apoio da opinião pública. 29.mar - Governo eleva de 32% para 70% a alíquota do imposto de importação dos automóveis e eletrodomésticos. Sobe também o imposto de 109 outros produtos. Texto Anterior: FHC busca uma marca para governo Próximo Texto: Sérgio Motta assume face pública da ação política Índice |
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