São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995 |
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Descompassos econômicos iniciais são previsíveis
LUÍS NASSIF
A rigor, a continuidade é representada por três remanescentes do plano Real -o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do BNDES, Edmar Bacha, e o diretor da área internacional do Banco Central, Gustavo Franco, agora ocupando cargos diferentes ou alijados do comando da política econômica. Por isso, descompassos iniciais são previsíveis. Sob o ângulo econômico e gerencial, o governo tem exibido a seguinte performance: Pontos fortes: . O sistema de gerência por processos, implantado pelo Chefe da Casa Civil Clóvis Carvalho. Leva algum tempo para ser azeitado, mas tem a vantagem de não dispersar esforços e permitir a produção de trabalho continuado. . Controle de caixa, realizado pelo Planejamento, Fazenda e Tesouro. Até agora, o governo tem sido de absoluta responsabilidade na área de despesas. . Gestão da Previdência. Com Reinhold Stephanes, a Previdência volta a ter gerência responsável. . Profissionalização nas telecomunicações. Até agora, as nomeações de diretores nos sistemas Telebrás e Embratel romperam com 15 anos de indicações políticas. . Determinação no tratamento dos bancos estaduais. A decisão de intervir no Banespa e no Banerj significou uma mudança de 180 graus na busca da disciplina das relações União-Estados. . Utilização ampla do instrumental de política econômica. Depois de anos de inércia, volta-se a se utilizar todo o instrumental de política econômica. De negociações de preços ao uso de alíquotas e ACCs, respectivamente como instrumentos de regulação do balanço de pagamentos e da oferta interna de produtos. Pontos fracos: . Ausência de pessoas experientes para operar a política de câmbio e de taxas do Banco Central. Pelo menos um mês antes da crise do câmbio, o governo vinha sendo alertado para este problema. . Indefinição em relação a cargos relevantes. Até hoje, não foi completada a diretoria do BNDES, nem indicados os presidentes da Telesp e da Telerj. . Indecisões na área da Indústria e do Comércio. A ministra Dorothéa ainda não conseguiu balizar adequadamente suas energias. Implodiu a Câmara Setorial da Indústria Automobilística, permitiu a explosão das importações de automóveis no mês passado, abriu espaço para a volta do cartório no mercado de café e foi alijada do processo de decisão sobre o aumento de alíquotas. . Falta de clareza nas reformas e na privatização. O governo continua com medo de romper definitivamente com o modelo centralizador, e abrir mão de órgãos públicos. Essa indefinição tem impedido que o discurso das reformas cresça junto à opinião pública. . Falta de um projeto estruturado de reforma de Estado, ainda não apresentado pelo secretário da Administração Federal, Luiz Carlos Bresser Pereira. . Falta de uma proposta clara de política salarial. Texto Anterior: Sérgio Motta assume face pública da ação política Próximo Texto: Projeto social é, por enquanto, galeria de intenções Índice |
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