São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC compara opositores a colloridos

CARLOS EDUARDO ALVES; SILVANA DE FREITAS
ENVIADOS ESPECIAIS A MANAUS

O presidente Fernando Henrique Cardoso, 63, comparou ontem a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e os críticos da reforma constitucional ao ex-presidente Fernando Collor ao se referir às seguidas manifestações de hostilidade que tem sofrido pelo país.
"Isso recorda os tempos colloridos. Essa gente ficou collorida. É estranho isso", disse em entrevista pela manhã em Manaus. FHC atribuiu à "minoria" as manifestações contra a reforma.
"A minoria que perdeu continua querendo ganhar, desta vez no berro. E não ganha". Ele reafirmou ter sido eleito para fazer as reformas.
FHC fez referência indireta à frente anti-reforma que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Leonel Brizola (PDT) tentam montar. Em dois momentos da entrevista, ele indagou por que "a minoria vai se juntar". Segundo FHC, "isso é estranho".
Apesar das críticas, o presidente disse estar com "a disposição mais aberta e franca possível" para um encontro com Lula.
O presidente sugeriu que está havendo manipulação no debate sobre a reforma da Previdência. Segundo ele, "não fica bem dizer coisas que não são consistentes com o projeto enviado, porque cria um desassossego e quebradeira na Previdência".

Importados
Fernando Henrique justificou o aumento da alíquota para importação de automóveis e outros produtos. "Estávamos importando bilhões e bilhões de reais em automóveis de luxo". Segundo ele, "o Brasil não pode se dar ao luxo de não ter superávit comercial".
FHC tentou dar caráter distributivo às medidas de contenção do consumo. "No momento em que a gente percebe que a espiral consumista da classe alta está prejudicando o povo, nós cortamos a espiral consumista". Ele admitiu rever o aumento da alíquota para produtos de consumo mais amplo, como fogão e geladeira.
Ontem de manhã, o presidente tomou café da manhã com representantes de ONGs (Organizações Não-Governamentais). A senadora Marina da Silva (PT-AC) participou do encontro e, na entrevista, foi citada por FHC.
Anfitrião de FHC, o governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PPR), fez sexta-feira declarações que colidem com o fervor ambientalista adotado, ao menos retoricamente, pelo presidente.
"Tenho muito orgulho de ter distribuído motosserras quando fui governador", disse Amazonino antes de entrar para um jantar com os embaixadores do G-7 (países ricos), que assinariam ontem um contrato de financiamento para preservação ambiental.

Texto Anterior: México e Cingapura movem guerra contra automóveis
Próximo Texto: Secretário da Anistia visita Vigário Geral
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.