São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Mãe foge com filha e pai fica 4 anos sem ver menina Engenheiro quer custódia de Thaís, que vive nos EUA CRISTINA GRILLO
Dois dias após o sumiço, ele pediu à Justiça mandado de busca e apreensão e solicitou que Thaís fosse impedida de sair do país. Não conseguiu encontrá-la e, meses depois, descobriu que ela morava nos EUA com a mãe. Segundo Jesus, para conseguir deixar o Brasil com a filha, Deyse tirou nova certidão de nascimento da menina, mudando seu nome e omitindo o do pai. Thaís passou a se chamar Tatiana Fialho de Araújo e deixou o país. Jesus conseguiu provar a fraude, mas não recuperar a filha. "A Justiça brasileira reconhece que Thaís e Tatiana são a mesma pessoa, mas não me dá um mandado de busca no nome de Tatiana pois ela não existe. E, para a Justiça americana, quem não existe é Thaís", reclama. Jesus quer a custódia da filha. "Se as coisas não tivessem acontecido dessa forma, poderia ter uma situação normal de visitação. Agora, quero Thaís pois acho que a mãe não tem condições psicológicas de criá-la." O pai sabe que sua situação é difícil. "A mãe tem tudo. O pai, nada. Mato um leão por dia para provar que quero minha filha e que tenho condições para isso." O advogado Paulo Newlands, 52, passa por situação semelhante. Seus filhos Paula, 10, e Guilherme, 8, estão na Flórida com a mãe, Nanci Francioni. Desde agosto de 1993 ele não os vê. A família já vivia na Flórida (EUA) quando o casal se separou. Newlands voltou para o Rio e, desde então, tenta trazer os filhos de volta: "Acho que comigo eles estariam melhor". Newlands diz que a ex-mulher casou com um americano e quer que as crianças se tornem americanas. "Quero que meus filhos continuem brasileiros", diz. Ele critica a legislação que dá direito ao pai de visitar os filhos: "Não quero visitas, mas oportunidades iguais para criá-los". O mesmo motivo levou o médico José Roberto Tisi Ferraz, 43, à Justiça. Separado da mulher desde 92, ele tenta ampliar seu direito de visitar a filha Stéfanie Cequeiros Tisi Ferraz, 5. Após o divórcio, a Justiça concedeu ao pai direito de ficar com Stéfanie em fins-de-semana e manhãs de segunda-feira alternados. "Fora disso, não consigo falar com ela nem por telefone." Ferraz quer estar com a filha também às quartas, mas teve um pedido negado. "A juíza perguntou à mãe se ela permitia. Ela negou e a juíza também. Tentei argumentar, mas ela disse que a mãe pode decidir", conta. O médico repete a mesma queixa do engenheiro Jesus: "Só consegui o mínimo garantido a um pai. Se fosse bandido, teria o mesmo tratamento. A Justiça dá tudo à mãe, nada ao pai". Texto Anterior: Aumenta interesse dos pais em disputar guarda de filhos Próximo Texto: Especialista defende direito das crianças Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |