São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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Ferramentas detectam falhas de produção

DA REPORTAGEM LOCAL

Fluxogramas, lista de verificação, gráfico de Pareto, diagrama de causa e efeito, carta de tendência são os exemplos de ferramentas de qualidade. Sua utilização no processo produtivo permite detectar problemas na linha de montagem, como gargalos de produção, estoque excessivo, perda de tempo na montagem, entre outros.
"A ferramenta é um instrumento simples de ser entendida, mas difícil de ser usada na produção", disse João Mario Csillag, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
Na segunda-feira passada, Csillag proferiu palestra sobre "As Ferramentas da Qualidade", dentro da série "A Busca da Qualidade Total", promovida pela Folha.
Durante a palestra, Csillag procurou mostrar como a série de produção de um tangran -quebra-cabeça chinês- pode ser melhorada com a utilização destas ferramentas de qualidade.
O objetivo era melhorar o tempo gasto na montagem do quebra-cabeça, através da redução do tempo de passagem entre cada uma das sete etapas de produção.
A primeira ferramenta utilizada foi o fluxograma, onde é feito a descrição do processo de montagem (descrição de cada fase).
A segunda foi a lista de verificação, um gráfico montado com dados sobre o tempo de produção e de passagem entre cada etapa e o estoque total.
A verificação do tempo é feita através da introdução de uma peça de cor diferente e a contagem do tempo que ela demora para ser produzida.
A carta de tendência, outra ferramenta, mostra a melhora do aprendizado após um certo tempo de produção.
No diagrama de causa e efeito, também conhecido como "espinha-de-peixe" pela sua forma visual, é necessário detectar o efeito (no caso o tempo de passagem longo entre as etapas de produção) e enumerar possíveis causas.
O diagrama é preenchido com as observações feitas pelos funcionários da própria linha de montagem, além de outros empregados da empresa.
"Devemos utilizar os palpites e opiniões daqueles que executam a operação. São eles quem melhor podem dar sugestões", afirma.
A outra ferramenta, conta Csillag, é o gráfico de Pareto, que mostra que 20% dos defeitos correspondem a 80% dos prejuízos.
Aqui, diz o professor da FGV, é preciso descobrir qual ponto está sendo o responsável pela ineficiência do processo; no caso do tangran, pela demora da produção.
A "brainstorming" é a técnica de como contornar as causas do problema. As regras aqui são quatro: falar o que vem a cabeça, procurar quantidade, dar idéias originais e combinar idéias para melhorar a produção.
A última ferramenta é a carta de controle. Através de estatísticas, é possível calcular limites -inferior e superior- e saber se o processo está controlado (se dentro destes limites) ou se algum fator está contribuindo para a desestabilização da produção.
"O cuidado aqui é para não tratar uma causa normal, responsável por um desvio dentro dos limites, como uma causa especial, que precisa ser investigada", diz o professor da FGV.
Csillag afirma que diversas dessas ferramentas já são conhecidas desde a década de 60. Mas a novidade, diz o professor, é que há 30 anos os instrumentos eram usados apenas pelas pessoas responsáveis pelo método da empresa e não por todos os funcionários.
"Há, agora, uma socialização destas ferramentas", diz Csillag.
Outra mudança é que os operadores são vistos como pessoas que podem pensar o processo de produção e não mais apenas como mão-de-obra.
"Cada operador da década de 90 é também um estrategista capaz de agilizar a produção", diz.

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