São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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BID cobra mais ajustes dos países da AL e cita 'tigres' como exemplo

JOSÉ ROBERTO CAMPOS
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

BID cobra mais ajustes dos países da AL e cita 'tigres" como exemplo
Os países latino-americanos precisam realizar uma nova rodada de ajustes em suas economias, apesar de sua boa performance em 94. O presidente do BID, Enrique Iglesias, apresentou na reunião do BID uma lista do que chama de "tarefas inconclusas" que precisam ser executadas para reduzir a vulnerabilidade dessas economias após a turbulência nos fluxos de capitais geradas pelo México.
"É preciso contar com taxas de poupança interna muito mais altas que as atuais, como mostra particularmente a experiência de países com desenvolvimento dinâmico, como os do Sudeste asiático (os tigres asiáticos)", receitou.
Segundo ele, a formação de poupança interna na AL caiu de 1988 a 1993 e, o que é pior, a partir de um nível já muito reduzido.
O desenvolvimento obtido principalmente a partir de 90 foi conseguido graças ao afluxo de capitais externos de curto e longo prazo. "Foi inquietante o crescimento do déficit da balança de contas correntes que, segundo se estima, subiu a US$ 49 bilhões em 94 (4% do PIB da região), mais que o dobro do registrado entre 90 e 92", afirmou.
Como os capitais externos começaram a refluir em 94, vários países tiveram, pela primeira vez em quatro anos, de gastar reservas internacionais para cobrir este déficit.
As exportações são outro ponto frágil. Segundo Iglesias, elas ainda estão muito longe de ter alcançado um nível adequado em relação ao Produto Interno Bruto. Um dos motivos apontados é que a passagem de uma economia voltada para a substituição de importações ao estágio exportador leva mais tempo que o previsto.
Finalmente, segundo o presidente do BID, é preciso atacar o problema social. 'À recuperação econômica dos últimos quatro anos não gerou um número adequado de empregos, frente a um rápido crescimento da força de trabalho e um elevado índice de desemprego", concluiu.
Serra
O pacote de medidas contra o consumo editado antes das mudanças na política cambial já surtiu efeito na economia brasileira, segundo avalia o ministro do Planejamento, José Serra, um dos participantes da reunião do BID.
"Nossa preocupação com o excessivo aquecimento da demanda já se traduziu em medidas que, especificamente no caso dos automóveis, tiveram resultados. A demanda já se desacelerou", disse.

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