São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Canhedo é condecorado pela Justiça Militar

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quinze horas depois ter deixado uma cela do 91º. Distrito Policial de São Paulo - onde ficou preso por dez horas -, o empresário Wagner Canhedo foi condecorado no STM (Superior Tribunal Militar), em Brasília.
A Ordem do Mérito Judiciário Militar, que Canhedo recebeu, foi distribuída, ontem pela manhã, para outras 63 pessoas, entre civis e militares.
Desde novembro de 94, o nome de Canhedo estava definido como um dos agraciados pela Ordem, que o STM concede para pessoas que considera terem sido úteis para o tribunal.
Um militar da Aeronáutica, que não quis se identificar, cumprimentou-o no final da cerimônica e disse que "Deus existe".
O presidente do STM, almirante Luiz Leal Ferreira, afirmou que "o fato de Canhedo ter sido preso não significa que seja culpado".
"Eu me senti à vontade de condecorar ele e todas as outras pessoas, que fizeram alguma coisa para merecer este reconhecimento", disse o almirante.
Segundo ele, a condecoração é entregue a pessoas "que foram úteis no exercício de nossas atividades. O nome dele (Canhedo) foi indicado e aceito".
Fora da Justiça Militar, o empresário não se sente tão seguro. "De um juiz que tomou uma decisão arbitrária como esta (decretar a prisão) pode se esperar tudo", disse Canhedo, insistindo que "confia na Justiça".
O sócio majoritário da Vasp afirmou que a empresa reconhece ter dívidas de R$ 102 milhões com o Banespa e não de R$ 196 milhões, valor que o banco cobra. "Estamos prontos a pagar os R$ 102 milhões imediatamente."
O empresário foi preso em São Paulo por ser acusado de não apresentar a Justiça um avião que havia sido dado como garantia para o pagamento de uma dívida de R$ 16 milhões da Vasp junto ao Banespa.
Canhedo viajou no seu jato particular de São Paulo a Brasília na noite de quinta-feira, logo depois de deixar o 91º. DP. Disse que só saiu de casa ontem de manhã para receber a condecoração.
Às 13h10, o empresário retornou a sua casa, no Lago Sul, dirigindo uma Caravan. Almoçou com a mulher, Isaura, e viajou em um avião particular para sua fazenda Piratininga, no interior de Goiás.
Hoje no final da tarde ele deve estar de volta a Brasília. Canhedo disse que não vai alterar a rotina que segue quase todas as semanas.
No domingo despacha na Viplan (Viação Planalto), com um intervalo para o almoço, quando os três filhos que moram em Brasília, as noras e os netos se reúnem.
No final da tarde, ele encontra a mulher na igreja do Perpétuo Socorro, no Lago Sul. "Somos tão assíduos que ninguém senta no nosso lugar, na segunda fila", diz Isaura Canhedo.
Ela diz ter recebido "uns 250 telefonemas de apoio" ao empresário na quinta-feira, enquanto ele esteve preso.

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