São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Terror segue a política

LUCAS FIGUEIREDO
DO ENVIADO ESPECIAL

"O terrorismo está acabando." Esta é uma das frases prediletas dos peruanos. Talvez porque queiram exorcizar a tendência histórica do país para a guerrilha.
No entanto, a vocação do país para unir a luta política às armas não deve acabar tão cedo, apesar da decadência da principal guerrilha do país, o Sendero Luminoso, de origem maoísta (inspirado no líder comunista chinês Mao Tsetung).
A campanha eleitoral deste ano é um exemplo. Mesmo que sem a dimensão que havia no passado, houve explosões de carros-bombas e assassinatos por todo o país.
Em 15 anos, o terrorismo e o contraterrorismo causaram 30 mil mortes. Cerca de 600 mil peruanos foram obrigados a se exilar, dentro ou fora do país.
Com a tática de espalhar o medo em ataques-relâmpago, terroristas do Sendero e do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) estiveram a ponto de dominar o país entre 85 e 86.
Aproveitaram a desarticulação política, econômica e social agravada durante o desastroso governo de Alán García (85-90), para se tornarem autoridades locais na região da cordilheira dos Andes, na periferia de Lima e na selva Amazônica.
Passado o auge das ações terroristas, o que resta é um explosivo caldo de cultura: população armada e desorganizada politicamente e uma força militar que, em troca da complacência das autoridades civis, ajuda a manter o governo. (LF)

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