São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Fipe apura inflação de 2,10% no início de abril

JOSÉ CARLOS VIDEIRA
DA REDAÇÃO

O custo de vida dos paulistanos teve aumento médio de 2,10% na primeira quadrissemana de abril (média de preços das quatro últimas semanas até o dia 7, em relação à média das quatro semanas imediatamente anteriores).
Esse é o resultado do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), divulgado ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da Universidade de São Paulo.
O índice, que mede o custo de vida das famílias com renda de 1 a 20 salários mínimos na cidade de São Paulo, foi superior em 0,18 ponto percentual ao 1,92% da taxa de março.
Em comparação ao 1,61% do IPC registrado na primeira quadrissemana de março, o avanço foi de 0,49 ponto percentual. Essa foi a oitava alta consecutiva da taxa de inflação medida pela Fipe.
A entrada da coleção outono-inverno abriu espaço para reajustes no setor de vestuário. O aumento médio do setor foi de 0,42% no período, contra queda de 2,32% registrada na última quadrissemana do mês passado.
Os custos com aluguéis e com as matrículas e mensalidades escolares, que foram os grandes campeões de reajustes no mês passado, tiveram desaceleração na primeira quadrissemana de abril.
Aluguel caiu de 12,24% em março para 11,31% na primeira quadrissemana, enquanto as matrículas e mensalidades declinaram para 16,90%, contra 19,45% do fechamento de março.
Carnes e hortifrútis
O recuo nos preços das carnes e dos produtos hortifrutigranjeiros também ajudou a segurar os preços na cidade de São Paulo, segundo apurou a Fipe.
O coordenador do IPC da Fipe, Juarez Rizzieri, acredita que os hortifrútis ainda têm muito espaço para cair.
No entanto, a tentativa do setor de vestuário de recuperar "defasagens acumuladas nos últimos 24 meses", segundo ele, pode contribuir em muito para fazer o índice da Fipe fechar o mês de abril com taxa ao redor de 2,5% ou 2,6%.
Rizzieri prevê para próximos meses pressões de alta nos setores de alimentos industrializados, de beleza e de higiene e limpeza. Sem contar, segundo ele, com a pressão nos preços por conta de reajustes do salário mínimo em maio.
Rumos do Real
"Está difícil acreditar em Papai Noel do jeito que a economia está caminhando", ironiza o coordenador da Fipe. Para ele, o Plano Real tomou um rumo perigoso.
O combate à inflação, por meio da competição com os produtos importados, está sendo trocado "pelas intermináveis negociações de preços com os principais oligopólios privados e estatais", disse Rizzieri. "E nós já vimos esse filme antes", acrescentou.
Segundo ele, passa a ficar cada vez maior o risco da volta da indexação (repasse automático da inflação a preços e salários) total da economia.

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