São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995 |
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Portadora do vírus HIV diz que vai se matar
ULISSES DE SOUZA
Ela foi presa anteontem em Cafelândia (433 km a noroeste de São Paulo), depois que o lavrador Domingos Rodrigues de Souza, 45, procurou a polícia dizendo ter mantido relação sexual com Selma e que se eles se desentenderam por causa do preço. Ela estava desaparecida desde fevereiro. Na segunda-feira, o juiz de Paraguaçu Paulista (510 km a oeste de SP), Emilio Gimenez Filho, 40, a condenou a um ano, mas com direito a cumprir a pena em liberdade. Selma recebeu a Agência Folha ontem na cadeia de Cafelândia. Leia abaixo os principais trechos da entrevista: Agência Folha - Você está sendo novamente acusada de transar sem avisar seus parceiros que é portadora do vírus HIV. Isso é verdade? Selma Regina de Jesus -Não transei. Ele me ofereceu R$ 20,00 para ter relação sexual. Não aceitei. Não posso ter relação. O máximo que deixei foi fazer umas carícias porque ele me pagou um cachorro-quente. Agência Folha - Por que ele foi buscar a polícia? Selma - Estávamos num mato, que não sei onde é. Achei que ele tinha mexido nas minhas coisas (mala, mochila e máquina de escrever) e o acusei. Ele disse que ia buscar o cachorro-quente para mim e trouxe a polícia. Agência Folha - Você ia viajar? Selma - Eu estava na rodoviária quando encontrei esse cara. Estava sem dinheiro. Eu queria ir embora porque briguei com o Marcos, meu companheiro. Ele apareceu e eu pedi para me arrumar um lugar para dormir. Fomos beber e depois fomos para o mato. Agência Folha - Você sabia que havia sido condenada? Selma - Fiquei sabendo pela televisão, no domingo passado. Agência Folha - Você pensava em se apresentar? Selma - Eu pretendia ir para Assis conversar com meu advogado. Queria orientação. Agência Folha - E agora? Selma - Tenho vontade de dar um tiro na cabeça. Não sei o que fazer. Estou muito abandonada. Agência Folha - Você já tentou o suicídio alguma vez? Selma - Quando eu soube que tinha o vírus, tomei veneno e fiquei três dias em coma. Agência Folha - Você continua pensando em suicídio? Selma - O que eu posso fazer? A única coisa que me dão é prisão. Eu preciso de ajuda. E agora quem vai me ajudar? Agência Folha - O que você achou da sua condenação? Selma - Achei injusta. Se for assim, o juiz vai ter que condenar todos os aidéticos. Texto Anterior: Nova Operação Descida volta a ser implantada Próximo Texto: Barco vira e dois desaparecem Índice |
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