São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995
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'O importante é libertar o homem do pecado'

FERNANDO MOLICA
DO ENVIADO ESPECIAL A RECIFE (PE) E JOÃO PESSOA (PB)

O seminarista João Paulo de Araújo Gomes não faz restrições ao celibato (norma que impede o casamento de padres), é contra a possibilidade do divórcio, da eutanásia e do aborto, discorda dos que defendem o exercício do sacerdócio por mulheres e considera pecado a prática homossexual.
Não há maiores divergências entre sua fala e o pensamento do Vaticano. Seu único porém é em relação à pena de morte, admitida pela Igreja Católica em alguns poucos casos. Ele justifica a posição do Vaticano, mas admite que, neste ponto, não reza pelo mesmo catecismo. "Sou contra."
Ao questionar os que, baseados na Teologia da Libertação, defendem mudanças na estrutura de poder na igreja, João Paulo recorre à mesma resposta elaborada pelo Vaticano: a igreja não pode ser democrática, pois seu poder é divino.
Filho de uma família católica de classe média alta de Recife, João Paulo deve ser ordenado (ganhar o direito de exercer o sacerdócio) ainda este ano.
Ao responder à pesquisa da CNBB/Ceris, selecionou três opções de trabalho: vigário, pastoral com estudantes universitários e formação de seminaristas.
A opção preferencial pelo trabalho espiritual não significa um completo afastamento dos problemas sociais. Como o papa, ele chega a dizer que a Teologia da Libertação é "uma necessidade".
Se diz contrário, porém, a uma "falsa interpretação desta teologia, a que é baseada no marxismo" (referência ao filósofo e revolucionário socialista alemão Karl Marx, 1818-1883).
Ele afirma concordar com os "progressistas" que defendem a libertação do homem da escravidão, da miséria, da opressão do Estado. "São expressões do pecado. O importante, portanto, é libertar o homem do pecado."

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