São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995 |
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Alemanha prevê recorde de exportação em 95
SILVIA BITTENCOURT
Segundo a Federação Alemão para o Comércio Exterior, com volumes de exportação maiores do que os de importação, o país deverá ter em 95 um superávit de 80 bilhões de marcos. Como os negócios deste ano -envolvendo principalmente bens de investimento- foram fechados com antecedência, os efeitos da queda do dólar serão sentidos mais no final do próximo semestre ou em 1996. Desde o início do ano, o marco alemão se valorizou 5,3% em relação às moedas de 18 países industrializados. Ele se tornou a terceira moeda mais forte do mundo, só atrás do iene japonês e do franco suíço. Aumento A valorização do marco vem causando o aumento dos preços dos produtos alemães no exterior. Por outro lado, calculados em dólar, os custos com matéria-prima importada diminuíram no país, beneficiando, por exemplo, a indústria têxtil. "Mantida a tendência, vamos assistir a uma clara redução nas exportações", disse à Folha Rudolf Zwiener, do Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas, de Berlim. Ele acrescentou não haver ainda projeções de quanto a exportação poderá cair. Esse instituto e mais cinco outros voltados para pesquisa econômica na Alemanha divulgaram, na semana passada, um parecer indicando para este ano um crescimento da economia de 3%. Resposta Este era o índice que o governo alemão vinha prevendo para 95, mesmo com a queda contínua do dólar em relação ao marco . "É uma resposta aos pessimistas", comentou o ministro da Economia, Guenter Rexrodt. Mesmo depois de o Bundesbank ter tentado, inutilmente, salvar o dólar baixando os juros, duas semanas atrás, o governo alemão continua afirmando que a crise monetária não influenciará o crescimento econômico do país. Entre os "pessimistas" está o presidente da Federação da Indústria Alemã, Hans-Olaf Henkel. No começo do mês, Henkel disse esperar para o segundo semestre um crescimento de, no máximo, 2% e, para o próximo ano, ainda menos. Alguns ramos já vêm sentindo os efeitos da valorização do marco, como a indústria automobilística. O marco subiu, em dois anos e meio, 40% frente à peseta espanhola. Devido ao encarecimento dos automóveis, a filial da empresa BMW da Espanha vendeu, no ano passado, 12% a menos que em 1993. Para o próximo ano, as exportadoras alemãs tentam se assegurar, por exemplo, fechando negócios a curto prazo ou transferindo a produção para o exterior. Neste caso, os custos de produção são calculados diretamente em dólar, não encarecendo o produto. Uma consequência grave, porém, é a transferência de empregos para fora do país. A Alemanha "exportou", já no ano passado, muito mais empregos do que recebeu através de investimentos estrangeiros. A valorização do marco pode, então, aumentar o desemprego, hoje em torno de 8,5% na Alemanha Ocidental, a região mais industrializada do país. Indicadores Os analistas economistas alemães esperam para esta semana a divulgação de novos indicadores do desempenho da economia alemã no mês passado. A agência nacional encarregada das estatísticas promete para a próxima terça-feira, dia 18, o anúncio do índice de preços no atacado. Mas o Ministério da Economia já informou que os números sobre produção industrial e encomendas para a indústria alemã vão sair com atraso. Segundo as autoridades, dificuldades técnicas no cálculo do índice devem adiar a divulgação para o início de maio. Na semana retrasada, o Ministério da Economia havia prometido divulgar os números logo após os feriados da Páscoa. Colaborou a Redação Texto Anterior: Déficit público dos EUA produz queda do dólar Próximo Texto: Os coletores de impostos Índice |
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