São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995 |
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Custo do compulsório é repassado ao consumidor
FIDEO MIYA
A diferença de R$ 5.753,42 (57,53%) vai para o Banco Central na forma dos compulsórios de 15% sobre operações de crédito (R$ 1.500,00) e de 27% sobre depósitos a prazo (R$ 4.253,42). Esses compulsórios foram implantados pelo governo em agosto (sobre depósitos a prazo) e outubro do ano passado (sobre operações de crédito). O objetivo foi segurar o crédito para conter a expansão do consumo, retirando dinheiro do mercado e encarecendo o seu custo. Na última quarta-feira, os bancos pagaram ao investidor R$ 680,55, correspondentes ao juro de 4,32% ao mês (66,10% ao ano) sobre o total do dinheiro captado, incluindo os dois compulsórios. No crédito ao consumidor, os bancos estão cobrando uma taxa mensal de 10%, em média, sobre o valor financiado (R$ 10.000,00), ou seja, de R$ 1.000,00. Mais da metade -R$ 510,07 (51%)- representa o custo efetivo de captação do banco. Nessa conta, são repassados ao tomador do crédito os juros que foram pagos sobre o compulsório de R$ 1.500, que fica depositado no BC sem nenhuma remuneração. Está embutida também nessa conta a diferença entre os juros que o banco paga ao investidor e os que recebe do BC sobre os R$ 4.253,42, correspondentes ao compulsório sobre CDB, que é remunerado pela taxa do BBC (Bônus do Banco Central). Segundo executivos dos bancos, a remuneração do BBC tem sido de 0,50 ponto de taxa/over abaixo do CDB, que corresponde a uma taxa efetiva de 0,30% num prazo de 30 dias corridos e 18 úteis. Ou seja, do total de R$ 680,55 que pagou ao investidor, o banco recupera R$ 170,48 e repassa os R$ 510,07 ao tomador do crédito. Outros R$ 489,93 pagos no empréstimo correspondem ao lucro bruto (ou "spread") do banco. O consumidor paga ainda os impostos cobrados na operação: R$ 50,00 correspondentes a 0,5% ao mês de IOC (Impostos sobre Operações de Crédito) sobre o valor financiado e outros R$ 7,50 relativos ao PIS (Programa de Integração Social) sobre o juro de R$ 1.000,00 cobrado pelo banco. O custo total do empréstimo sobe, portanto, para R$ 1.057,50 (10,57% sobre o valor financiado). Na conta final, o governo acaba arrecadando um total de R$ 6.129,32, ou seja, 61,29% de um empréstimo de R$ 10.000,00. Fora os compulsórios, o Imposto de Renda na Fonte do investidor, do PIS e do IOC, o governo cobra outros R$ 250,35 na forma de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o lucro do banco. Texto Anterior: O lamento da Paraíba Próximo Texto: Governo quer capital externo na privatização dos bancos oficiais Índice |
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