São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria adia pagamento de impostos, alerta Fiesp

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista vive uma situação de "ciranda de inadimplência", adiando o pagamento de impostos por causa do clima de incerteza econômica provocado pelas altas taxas de juros e ameaças do governo de adotar novas medidas anticonsumo.
A informação sobre o "calote" fiscal, a crise de inadimplência (o não-recolhimento dos impostos e tributos no prazo) por "grande parte" da indústria paulista, foi dada por Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Moreira Ferreira, a queda das encomendas do comércio à indústria, iniciada há um mês, e o atraso nos pagamentos aos fornecedores e setores industriais, está deixando as empresas sem recursos de caixa para pagar os impostos e tributos federais, estaduais e municipais.
Embora não tenha ainda apurado o valor exato do endividamento fiscal da indústria paulista, a Fiesp está preocupada com o "grande acréscimo" do número de empresas inadimplentes.
"As empresas estão dando prioridade ao pagamento de seus empregados", disse. Para ele, as empresas preferem "dever ao Fisco" do que cometer a "insensatez" de dever aos bancos.
"Só um suicida pediria empréstimos aos bancos com o atual nível elevado dos juros", afirmou. "Ir ao banco pegar dinheiro para pagar impostos, tem dó", exclamou.
Ele informou que a Fiesp vai solicitar ao governador Mario Covas (SP) o perdão das multas cobradas junto com o pagamento do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Moreira Ferreira criticou o anúncio "todos os dias" de "possíveis" novas medidas anticonsumo pelo governo. "Isso cria uma instabilidade muito grande, impedindo que os empresários planejem suas atividades".
Para a Fiesp, disse, não há necessidade de medidas mais "amargas" para frear o consumo porque, disse, "a atual taxa de juros dispensa qualquer novo freio".
Moreira Ferreira tornou a pedir "rapidez" ao Congresso no processo de votação das reformas constitucionais.
Ele disse que o clima econômico "começa a ficar preocupante" por causa da queda dos pedidos do comércio à indústria e da redução do nível de atividade industrial.

Texto Anterior: Há 40 anos morria Albert Einstein, criador da teoria da relatividade
Próximo Texto: Auditoria revela superávit na Previdência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.