São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Ato vai unir Força Sindical e empresários

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Central sindical organiza hoje, às 17h, em Brasília, manifestação em defesa das mudanças na Constituição
Empresários e trabalhadores estão organizando uma grande manifestação com paralisação de duas ou três horas em defesa das reformas constitucionais.
A mobilização, ainda sem data marcada, ficou acertada ontem durante visita do presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical.
"Quem defende as reformas é uma maioria silenciosa. O setor empresarial não pode continuar nessa passividade. Precisa participar, inclusive fisicamente", afirmou Szajman.
Ele se comprometeu, na frente de metalúrgicos e comerciários (cujo sindicato também é filiado à Força Sindical), a tentar envolver os cerca de 138 sindicatos do comércio ligados à sua federação.
Disse que as lojas podem até fechar as portas à tarde, a partir das 15h ou 16h, em apoio às reformas.
"Uma grande manifestação em maio, com 100 mil, 200 mil pessoas, é o que devemos fazer."
A idéia da mobilização também é bem aceita junto a setores da indústria, como o de máquinas, autopeças e eletroeletrônico, segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical.
Paulinho pretende organizar uma reunião com todas as entidades que defendem as reformas para organizar a manifestação.
Paulinho participou ontem de café da manhã com empresários na Associação do Comercial de São Paulo e também levou a proposta da manifestação.
No encontro, pela manhã, foi assinado um documento pelos empresários e pelos metalúrgicos, a ser entregue ao presidente Fernando Henrique Cardoso, pedindo as reformas já.
"Não podemos deixar as ruas só para quem é contra", disse Paulinho.
Para hoje, a Força Sindical tem marcado um grande ato, às 17h, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília.
Cerca de R$ 500 mil foram gastos pelos sindicatos filiados em todo o país para levar de 5.000 a 6.000 pessoas para Brasília, segundo estima Paulinho.
Só de São Paulo, calcula, já saíram ontem mais de 100 ônibus. Os comerciários levaram um ônibus só de aposentados.
"Quem não quer as reformas da Constituição é porque é privilegiado hoje", disse Paulinho.
Segundo Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical, só a reforma constitucional vai "permitir ao Brasil conseguir o desenvolvimento econômico com justiça social".
O líder sindical considera que quatro pontos devem ser tratados com prioridade: economia, tributação, reforma do Estado e previdência. "Nós não estamos contentes com a previdência, nós somos a favor do fim dos privilégios", afirmou.
Medeiros afirma que devem ser mantidos os direitos adquiridos: "Quem está prestes a se aposentar, depois de 35 anos de trabalho, não pode ser frustrado, seria uma quebra de contrato".
Ainda segundo o sindicalista, a manifestação em Brasília servirá para mostrar "que nem todo o movimento sindical defende o conservadorismo".
A Força Sindical é a primeira entidade a se manifestar em Brasília em ato público em favor da reforma constitucional. Alguns sindicatos ligados à central já estão fazendo atos isolados de protesto e paralisações em defesa da reforma.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, vem promovendo desde o começo do ano manifestações contra as reformas constitucionais.

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