São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Argentinos correm para grandes bancos

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Os argentinos com US$ 10 bilhões aplicados em cerca de 40 bancos de pequeno e médio porte correram para tentar retirar os depósitos e transferi-los para entidades de primeira linha.
Todos querem aproveitar a nova lei de seguro bancário, que entra em vigor hoje. Ela garante qualquer aplicação com prazo de até 90 dias, em peso ou dólar, até o valor de US$ 10 mil.
Estes 40 bancos enfrentam dificuldades para pagar os compromissos em dia e alguns limitam o valor semanal dos saques.
O presidente Carlos Menem quer adiar a reforma do sistema bancário para após as eleições de 14 de maio, quando disputará um segundo mandato.
Os grandes bancos operaram ontem com tranquilidade. A Bolsa de Valores abriu com alta de 1% e fechou com queda de 0,6%.
Os bancos que amanheceram suspensos ontem -Integrado Departamental, Créditos Luro, Interbonos Compañía Financiera, Pecunia e Tarraubella Compañía Financiera- representam apenas 1% do total das aplicações financeiras.
Apesar disto, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, deu várias entrevistas ontem pedindo aos poupadores que continuem depositando no sistema bancário.
Entre ontem e hoje, vencem 10% das aplicações financeiras de 30 dias, somando US$ 5 bilhões.
"Eu creio que os poupadores vão renovar seus depósitos porque contam com a garantia até US$ 10 mil, para aplicações de 90 dias, e com o uso de bens valiosos dos bancos para assegurar os depósitos", observou Cavallo.
A entrada de recursos externos para implementar o fundo de capitalização do sistema bancário, prevista para a primeira semana de abril, está atrasada.
Até agora, ingressaram US$ 1,8 bilhão do FMI (Fundo Monetário Internacional). Faltam US$ 1 bilhão dos bancos comerciais, US$ 800 milhões do Eximbank (agência oficial de financiamento) japonês e US$ 1 bilhão do BIS (Banco de Pagamentos Internacionais).
Preocupado com a imagem internacional do país, o Ministério da Economia divulgou cópia de carta, com data de ontem, do vice-presidente do Citibank, William Rhodes, a Cavallo.
Na carta, Rhodes, intermediário da operação de captação de US$ 1 bilhão junto aos bancos comerciais, diz a Cavallo que já conseguiu 90% do valor total. O restante deverá ser obtido ainda esta semana, afirma Rhodes.

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