São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Tecnologia nuclear gera crise entre EUA e China

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os EUA criticaram ontem um plano chinês de vender tecnologia nuclear ao Irã. "O Irã é simplesmente muito perigoso" , afirmou o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher.
O ministro das Relações Exteriores da China, Qian Qichen, disse que seu país não descumpre nenhuma lei internacional.
A imprensa dos EUA noticiou que a China planeja transferir ao Irã a tecnologia necessária para a construção de um reator nuclear.
Reatores podem ser usados para gerar energia elétrica ou para produzir a matéria-prima das bombas atômicas, o plutônio.
O choque diplomático entre China e EUA, países que admitem ter armas nucleares, ocorreu pouco antes da abertura em Nova York de uma reunião para renovar o maior acordo nuclear do planeta, assinado por 178 países.
A visão de um mundo sem armas atômicas foi saudada na abertura pelo secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali, como "a maior causa comum da humanidade".
Para conter a disseminação de armas nucleares, entrou em vigor em 1970 o Tratado de Não-Proliferação, ou TNP. Este ano expirou sua validade. Para renová-lo, basta o voto de 90 países, mas a renovação está longe de um consenso.
A proposta de quatro dos cinco países que admitem oficialmente ter armas atômicas (EUA, Rússia, França e Reino Unido) é renovar o acordo por tempo ilimitado. A posição chinesa é desconhecida.
Países do Terceiro Mundo criticam essa proposta, sustentando que ela não contribui para o desarmamento das potências nucleares.
Pelo TNP, países que já têm armas nucleares podem mantê-las, mas ficam proibidos de vendê-las. Além disso, se comprometem a fazer esforços de "boa-fé" para acordos de desarmamento.
Quem não tem as armas se compromete a não comprá-las e a aceitar inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica em suas instalações nucleares, se houver suspeita de que estão sendo usadas com fins não-pacíficos.
Muitos países sem armas nucleares fazem pressão pela renovação por novo período de 25 anos. Outros, como a Argentina, são favoráveis à renovação ilimitada.
O Brasil não vão aderir ao TNP, por considerá-lo desigual. O país é signatário de um acordo local que transforma a América Latina em uma zona livre de armas nucleares, o Tratado de Tlatelolco.
A tentativa para conseguir "desnuclearizar" o Oriente Médio esbarrou ontem em Israel, país suspeito de ter armas atômicas.
O embaixador israelense na ONU, Gad Yaacobi, afirmou que Israel só pode aderir ao TNP depois de atingir uma paz estável com os árabes. O Egito, vizinho com quem Israel assinou a paz em 1979, ameaçou não renovar sua assinatura sem a adesão israelense.

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