São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995 |
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Viagem a Cancun
ANTONIO CARLOS DE FARIA RIO DE JANEIRO - Há dois anos, o então presidente do México fez uma visita ao recém-eleito Bill Clinton. Na ocasião disse que seu país não queria ajuda americana, queria sim intensificar o comércio.FHC inicia mais uma visita de um presidente brasileiro aos EUA. Ainda antes do embarque, disse que não ia pedir nada ao governo americano. Chama a atenção a semelhança com o discurso de Carlos Salinas de Gortari, embora esses primeiros três meses de governo tucano pareçam ter sido gastos em explicar que o Brasil não é o México. Hoje, o governo mexicano não só implora ajuda aos EUA, como também submete sua economia a um rigoroso controle externo, onde os americanos dispensam os tradicionais organismos de intermediação, como o FMI. O Brasil, nos últimos meses, ensaiou uma rápida desmexicanização de rota da economia e procura uma saída original. Talvez o mais original fosse admitir as semelhanças estruturais da eterna crise que envolve os dois países. No lugar de negar os pontos de proximidade, procurar discutir justamente o lixo que se coloca embaixo do tapete. Brasil e México têm milhões de excluídos das respectivas tentativas de capitalismo local. Os miseráveis, lá e aqui, refletem modelos concentradores de riqueza. Os beneficiários dessa concentração engendraram formas próprias para garantir seus privilégios. No México, o Partido Revolucionário Institucional domina o Estado há mais de 60 anos. No Brasil, vivem-se sucessões de regimes fechados e democráticos, sempre ligados pela constante flexão do Estado aos interesses dos velhos coronéis, internos e externos, da economia nacional. Nos dois países, os cíclicos discursos que pregam a modernização são sempre novas fórmulas para se manter a pobreza dentro de níveis aceitáveis de segurança. Texto Anterior: Tradução simultânea Próximo Texto: O Diabo e os preços Índice |
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