São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acordo muda língua portuguesa

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em votação simbólica e sem qualquer discussão no plenário sobre o assunto, o Senado aprovou ontem o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que unifica a grafia de cerca de 98% do vocabulário geral da língua portuguesa.
O texto aprovado ontem modifica a grafia brasileira de várias palavras. Acaba, por exemplo, com acentos usados hoje para diferenciar palavras de grafia idêntica e significado diverso -como "pára" (flexão do verbo parar) e para (preposição)' e "pêlo" (substantivo) e pelo (aglutinação da preposição "per" e o artigo "o").
Na votação simbólica, a Mesa do Senado pede apenas aos parlamentares que concordam com o projeto em votação que "permaneçam como estão". Se a maioria não se manifestar contra, o projeto está automaticamente aprovado.
O acordo já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados e vai a promulgação -assinatura do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP)- e publicação no "Diário do Congresso".
Para entrar em vigor, o acordo precisa estar aprovado pelos países que assinaram o texto, em Lisboa, em 16 de dezembro de 90 (Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). Até agora, Portugal, Brasil e Cabo Verde aprovaram. O texto do acordo previa sua entrada em vigor em 1º de janeiro de 94 e não incluía nenhuma cláusula prevendo o não-cumprimento.
O relator do decreto-legislativo que aprovou o texto, senador Josaphat Marinho (PFL-BA), entende que o acordo entra em vigor assim que todos os países signatários depositarem os instrumentos de ratificação (aprovação) junto ao governo português.
Uma inovação prevista é a inclusão das letras k, w e y no alfabeto português. Há várias palavras com estas letras, inclusive já registradas em dicionários da língua, mas elas ainda não integram oficialmente o alfabeto.
O trema (acento usado sobre a letra "u" para acentuar o seu som) fica completamente abolido pelo acordo luso-brasileiro. A lei 5.765, de 71, restringiu o uso do trema no Brasil, mas ele ainda é usado nas sequências "gu" e "qu" seguidas de "e" ou "i" (exemplo: "agüentar" e "eloqüência")
Este é o quinto acordo aprovado por Brasil e Portugal visando unificar os dois sistemas ortográficos. Os quatro anteriores (adotados entre 1931 e 86) fracassaram.

Texto Anterior: Morador de Ouroeste diz que viu lobisomem; O NÚMERO; Turistas colombianos são presos no Paraná; Novo chefe do clube da PM toma posse; Fogo destrói auditório de Tribunal do Rio
Próximo Texto: COMO VAI FICAR O PORTUGUÊS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.