São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Fiesp é contra conter consumo

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) rebate informações atribuídas a membros do governo, de que serão tomadas novas medidas para reduzir o consumo, dizendo que "vários setores industriais têm capacidade ociosa" e podem atender pedidos do comércio.
Segundo o presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, os empresários estão "aflitos", porque isto acaba criando um clima de instabilidade nos negócios.
Para a Fiesp, os impactos deste clima sobre as expectativas dos empresários são negativos e afetam as decisões de investimento.
"É preciso produzir mais para que haja maior consumo e empregos e não criar uma recessão para combater o consumo", afirma. "Não se justificam medidas de contenção do consumo, quando se convive com altas taxas de juros."
Moreira Ferreira diz que as indústrias estão hesitando em contratar mão-de-obra para aumentar a produção, seja através da utilização da capacidade ociosa das fábricas ou fazendo mais turnos de trabalho, porque temem ter que demitir logo depois com a eventual queda das vendas.
"Os custos de uma demissão são altíssimos, iguais, aproximadamente, a cinco salários mínimos por trabalhador", afirma. "Ninguém é imprevidente de fazer um segundo ou terceiro turno para ampliar a capacidade de produção se seu horizonte é curto."
As indústrias preferem mais um turno de trabalho do que fazer novas contratações porque é "mais barato" em um "quadro de incerteza" na política econômica.
Para o presidente da Fiesp, o país precisa avançar mais com o programa de estabilização para que os empresários possam promover a retomada dos investimentos.
Uma sondagem da Fiesp junto aos principais representantes dos setores industriais mostra que a capacidade ociosa (parte das instalações produtivas das fábricas não utilizadas) média é de 25%.
Entre os setores com "folga" na capacidade de produção estão aços, arames e laminados planos; químico e petroquímico; lâmpadas; cerâmica; plásticos; telecomunicações; autopeças e gráfica. No setor de material de limpeza, a ociosidade chega a 40% da capacidade instalada.
Moreira Ferreira diz que o setor eletroeletrônico está "muito aquecido", principalmente os eletrodomésticos. A área de fundição é uma das poucas que está investindo para ampliar a capacidade de produção, mas seus representantes estão preocupados com os efeitos recessivos do arrocho ao consumo.
O setor têxtil está com dificuldades na obtenção de matéria-prima e sofre com a queda das vendas em 30% ao comércio.
O setor de bens de capital aumentou o uso da capacidade instalada para 85% até fevereiro, mas a partir de março houve um arrefecimento das encomendas do setor privado e uma paralisação total das encomendas das estatais.

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