São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Back lança documentário sobre índios

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O cineasta Sylvio Back lança hoje, em Brasília, o filme "Yndio do Brasil", seu oitavo longa-metragem. O lançamento coincide com o dia do índio. Em São Paulo, o filme deve estrear no final deste mês no CineSesc.
A pré-estréia nacional de "Yndio do Brasil" foi realizada na noite de anteontem em Curitiba, quando o cineasta aproveitou para lançar também um livro com os oito poemas de sua autoria que são narrados durante o documentário pelo ator José Mayer.
"Yndio do Brasil" tem 70 minutos de duração e mostra imagens dos índios brasileiros filmadas por cineastas do Brasil, EUA e Alemanha de 1912 até a década de 80.
"É um filme poético sobre a desnaturalização do índio", disse Back. Ele usou trechos de quase cem filmes nacionais e estrangeiros, de ficção e documentários, para montar "Yndio do Brasil".
"Não escapou aos olhos do cinema o preconceito da sociedade branca em relação ao índio. Ela (a sociedade branca) só suporta o índio na tela", afirmou o cineasta.
"Yndio do Brasil" mostra a relação dos governos militares com os índios brasileiros e exibe imagens de alguns ex-presidentes visitando as comunidades das regiões Norte e Centro-Oeste.
Back disse que o cinema conseguiu flagrar a presença do Exército junto aos índios. "Foi um projeto pedagógico meio incomum, e o Exército fez igual a Igreja no século 16, quando os jesuítas iniciaram a catequese dos índios", afirmou.
Entre as diversas cenas, o público vai poder assistir sanitaristas desinfetando as cabeças dos índios com inseticida para matar piolhos e índios desnutridos se submetendo a exames de raio-X para diagnosticar tuberculose.
Na cena dos índios desnutridos, Mayer lê o poema "Ordem Unida", no qual Back chama de "general" todos os que contribuem para o desaparecimento dos índios.
"Jacques Costeau (oceanógrafo francês) é chamado de general porque ele é velho surrupiador da ecologia", afirmou.
Back disse que gastou R$ 250 mil para fazer o documentário, concluído em janeiro deste ano.
As imagens foram descobertas em um arquivo nos EUA quando ele pesquisava sobre a participação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, para fazer o longa "Radio Auriverde".

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