São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Mudou para melhor

GILBERTO DIMENSTEIN

NOVA YORK - Apesar de todas as desconfianças empresariais sobre o destino da economia e tensões da agenda diplomática com os Estados Unidos, o Brasil está mudando para melhor aos olhos dos países desenvolvidos -a recepção ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em sua série de encontros com investidores estrangeiros, é um nítido sinal.
A receptividade pouco tem a ver com o charme acadêmico de Fernando Henrique, seus amigos no governo americano ou, quem sabe, a fluência de seu inglês. O Brasil está apenas ocupando o lugar natural e óbvio de uma das mais importantes economias do mundo, a principal da América Latina -uma economia que cresce há três anos. Está apenas recuperando o tempo perdido.
À medida que essa economia indica possibilidades de estabilidade e, ao mesmo tempo, facilita a abertura ao capital estrangeiro, é natural o interesse por novos negócios. Muitas vezes ficamos imersos nos dramas domésticos e acabamos perdendo a noção de nossas vantagens, numa comparação dos países de Terceiro Mundo. Um parque industrial com ilhas de competitividade, capaz de garantir vital desempenho das exportações, por exemplo. Nada parecido tem o México.
Estamos livres, até aqui, de pragas como fundamentalismo religioso que infesta regiões da Ásia, África e Oriente Médio. Com um sistema democrático, o Brasil é uma nação continental sem problemas de fronteira, não sabe o que são conflitos regionais e, muito menos, tribais. Gigantes como China, Índia ou Rússia padecem de alguns desses crônicos distúrbios. Países como Paquistão ou Argélia vivem clima de guerra civil.
O problema, porém, é que nem de longe a economia brasileira está estabilizada e são necessárias profundas e dolorosas reformas. Por enquanto, o governo não se mostrou capaz de converter todo o prestígio que obteve nas urnas em mudanças que prometeu nos palanques.
PS - O melhor para Fernando Henrique Cardoso aqui é pode andar na rua sem ter de fugir de vaias, paus ou pedras -o que, para ele, está virando privilégio.

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