São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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FHC manda Motta limitar comentários

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O presidente Fernando Henrique Cardoso ordenou ontem a seu ministro das Comunicações, Sérgio Motta, a "limitar seus comentários públicos à sua área de competência".
O porta-voz da Presidência, embaixador Sérgio Amaral, disse que "não cabe a ministros emitir juízos de valor sobre outros ministros. Isso é responsabilidade exclusiva do presidente da República".
Segundo Amaral, a ordem de FHC a Motta foi dada, apesar de o ministro ter alegado que afirmações que lhe foram atribuídas, com críticas a alguns ministros e ao programa Comunidade Solidária dirigido por Ruth Cardoso, terem sido usadas fora de contexto.
"O presidente está bem informado sobre as atividades dos ministérios da Educação e da Saúde e do programa de Comunidade Solidária", coordenado por sua mulher, principais alvos dos ataques de Motta na terça-feira.
Decisão de Maciel
Sobre a decisão do presidente interino Marco Maciel de suspender a reforma administrativa da Caixa Econômica Federal, Amaral afirmou que FHC "tomou conhecimento e examinará o assunto ao voltar ao Brasil" (leia reportagem à pág. 1-11).
As declarações de Motta e a determinação de Maciel causaram indisfarçável tensão na comitiva presidencial, em meio a uma viagem aos EUA considerada, por enquanto, sucesso diplomático.
As únicas preocupações de Fernando Henrique em Nova York até agora se originaram em notícias do Brasil. Ele só tem sido saudado com carinho pela comunidade brasileira na cidade e ganhado elogios de seus interlocutores dos EUA.
Ruth
A primeira-dama Ruth Cardoso ignorou as perguntas de jornalistas sobre as críticas de Motta ao entrar no teatro onde houve o show em homenagem a Tom Jobim na terça-feira à noite. Ontem afirmou que não faria comentários, por não conhecer o teor das críticas.
Sérgio Amaral disse ontem que a primeira-dama vai dar entrevista a jornalistas brasileiros só em Washington, para onde foi ontem à noite, e onde ficará até sábado.
O porta-voz da Presidência também disse que "não há nenhum fundamento" nas afirmações de que o governo está cogitando a possibilidade de retirar do Congresso projetos de reforma da Previdência.
Em seu discurso a empresários na Câmara de Comércio Brasil-EUA, o presidente afirmou que as reformas na Previdência vão ser aprovadas e que elas "não visam prejudicar ninguém nem ferir direitos assegurados".
Sivam
Sobre o contrato para a instalação de sistema de vigilância aérea sobre a Amazônia (Sivam), Amaral afirmou que o governo "não vai interferir nas investigações" sobre irregularidades de uma das empresas contratadas.
"O governo quer que todos os fatos sejam apurados", disse Amaral. Só depois disso, qualquer decisão será anunciada sobre a assinatura do contrato, que envolve a empresa norte-americana Raytheon.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, usou sua influência pessoal para que a Raytheon ganhasse a concorrência do Sivam. A demora para a assinatura do contrato causa algum constrangimento a FHC em seu encontro com Clinton (leia texto sobre o caso Sivam à pág. 1-12).
O presidente foi informado sobre a crise na Bolívia mas não emitiu opiniões a seu respeito. Entre membros da delegação, os problemas da Bolívia não foram considerados problema para a viagem de FHC.

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