São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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Família processa fabricante de cigarro no Rio

JOMAR NICÁCIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma ação responsabilizando a Companhia de Cigarros Souza Cruz pela morte de um fumante será movida no Rio, na próxima semana, pela família de Nelson Cabral Alves.
Ele morreu no último sábado, aos 41 anos, vítima de um infarto agudo do miocárdio. O laudo médico aponta o tabagismo (intoxicação provocada pelo abuso do tabaco) como uma das causas da morte de Alves.
Diante disso, o pai de Alves, Nelson Pinto Alves, 65, resolveu iniciar uma "cruzada nacional" contra o fumo.
"É a única coisa que posso fazer para homenagear meu filho", disse o pai.
A primeira providência, a ação, será ingressada no Tribunal de Justiça do Rio pelo advogado Jorge de Oliveira Béja.
O advogado deveria ter entrado com a ação ontem, mas, com a suspensão dos trabalhos no Fórum por causa de um incêndio ocorrido anteontem, decidiu ingressar com a ação na próxima segunda-feira.
"Não posso afirmar que ganharemos, sei que isso é briga para dois, três anos", diz Béja.
Embora tenha sido aconselhado por Béja a pedir uma indenização, Nelson Alves afirmou que não quer dinheiro, mas conscientizar as pessoas em relação aos perigos do fumo.
O advogado disse acreditar que, se a Justiça não responsabilizar totalmente a Souza Cruz, pelo menos em parte a empresa deve ser responsabilizada.
Isso porque, apesar de o fumante ter livre arbítrio, as campanhas publicitárias induzem as pessoas ao tabagismo.

Souza Cruz
Procurada pela Folha, a Souza Cruz, informou através de sua assessoria de imprensa não ter conhecimento do caso e que só se pronunciará quando for acionada judicialmente. (Jomar Nicácio)

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