São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Soprano divide recital com Domingo

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Embora todas as atenções estejam voltadas para o tenor Plácido Domingo, a soprano espanhola Ainhoa Arteta terá uma participação quase tão grande quanto a de Domingo no recital que será realizado no Rio próxima segunda.
Cada um canta cinco árias. Entre os três duetos programados está "Sento Una Forza Indomita", da ópera "Il Guarany", de Carlos Gomes.
A carreira profissional de Ainhoa Arteta começou há quatro anos. A projeção internacional veio em 93, quando, num intervalo de 15 dias, venceu os concursos do Metropolitan, em Nova York, e Plácido Domingo, em Paris.
Desde o início, portanto, a carreira de Ainhoa Arteta está ligada à de Domingo. Ambos já deram vários recitais juntos, e os dois discos da carreira de Arteta contam com a participação do tenor espanhol: um com os vencedores do Concurso Plácido Domingo e outro com a zarzuela (gênero operístico espanhol) "Dona Francisquita".
A estréia no Metropolitan de Nova York veio este ano, interpretando Mimi em "La Bohème" e Violetta em "La Traviata". Em entrevista concedida por telefone de Nova York, Arteta fala de sua carreira e da relação com Plácido Domingo.
Início
Minha relação profissional com Plácido Domingo começou há uns três, quatro anos. Conheci o tenor no Metropolitan e fiz uma audição para ele. Fiz um concerto com ele no País Basco, onde nasci, seguido de muitos outros. A trajetória de um cantor lírico é muito difícil. Aconselho os iniciantes de se animarem a disputar concursos. A dificuldade é grande, mas é muito bom para a carreira.
O mestre
Estou muito agradecida por toda a ajuda psicológica que Plácido Domingo me deu. Ele ajuda com uma dose imensa de simplicidade e honestidade -o que é muito importante. Domingo é uma pessoa maravilhosa, acessível, humana e normal. Ele prefere aconselhar a repreender.
Maestro
Gostaria muito de trabalhar com Domingo como maestro. Recentemente ele regeu uma "Madama Butterfly" aqui no Metropolitan -e foi um êxito. Plácido Domingo é um grande diretor de cantores. Dizem que ele vai parar de cantar para se dedicar exclusivamente à regência. Não sei qual será sua decisão, mas, faça o que fizer, ele fará bem feito.
Ao ar livre
Cantar é comunicar. Tanto faz se a apresentação é ao ar livre, com microfone, ou num teatro fechado. Encaro da mesma forma os cantores que interpretam música popular. O importante é se comunicar com o público, e isso pode ser feito em vários gêneros. Se Carreras, Kiri Te Kanawa e Domingo conseguem cantar bem este tipo de música, não há problema.
Dona Francisquita
A zarzuela é um gênero que tem condições de ser popular fora da Espanha. A música é muito boa. A gravação de "Dona Francisquita" foi uma experiência muito positiva. Tive que me apurar muito, já que a gravação foi feita direto, quase como se fosse ao vivo.
Brasil
Conheço o maestro Villa-Lobos, de quem já interpretei as "Bachianas Brasileiras nº 5", Carlos Gomes, que é o Verdi do Brasil, e uma cantora que todos nós aprendemos a respeitar muito e admirar -Bidu Sayão.

Texto Anterior: Cia. de Linho encerra temporada de inverno
Próximo Texto: Grelhados marcam presença no Mr. Fish
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.