São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Governo português desestatiza sistema

DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O governo português dá os primeiros passos para desestatizar seu sistema de telecomunicações. Vai leiloar 30% da telefônica Portugal Telecom e abrir o capital (com lançamento de ações) de suas nove empresas estatais de TV a cabo.
As nove empresas de TV a cabo são controladas por uma holding (empresa-mãe) chamada TV Cabo Portugal que, por sua vez, é controlada pela estatal Portugal Telecom.
O país começou a ser cabeado somente em 1993. Assessoradas por publicitários brasileiros que moram no país, as estatais desencadearam uma política agressiva de marketing e já estão com 73 mil assinantes e 130 mil casas cabeadas.
Como a rede de cabos é subterrânea, os publicitários transformaram a toupeira no símbolo da TV a cabo portuguesa. O personagem é visto em outdoors, quiosques de venda de assinaturas, folhetos e demais peças publicitárias.
Segundo José Manuel da Graça Bau, do Conselho da TV Cabo Portugal, as estatais já investiram US$ 120 milhões na construção das redes e planejam chegar a US$ 4 bilhões até o ano 2000.
As nove estatais atendem regiões distintas do país e não competem entre si: TV Cabo Douro (região norte), Porto (cidade do Porto e arredores); Mondego (centro do país), Lisboa (capital), Tejo (arredores da capital), Sado (parte da região sul) e Guadiana, no Algarve.
Segundo José Bau, o governo português distribuiu concessões para duas empresas privadas, que irão competir com as estatais. Uma empresa chamada Bragatel (de empresários locais) vai explorar o serviço em Braga, competindo com a TV Cabo Douro.
A concorrência mais forte, no entanto, virá do grupo Multicanal, que ganhou concessão em várias regiões do país. Trata-se de empresa européia (capitais da Holanda, EUA e Portugal) sem vínculos com a Multicanal brasileira, apesar da coincidência de nomes.
A Portugal Telecom tem monopólio da telefonia convencional, através da empresa Marconi. Na telefonia celular, a estatal TMN só tem um concorrente privado (Telecel) e cada uma tem 50% do mercado.
Segundo José Manuel Bau, o fim do monopólio estatal da telefonia está previsto para 1998, podendo ser prorrogado por mais quatro anos. A privatização, disse ele, vai começar pelas empresas de TV a cabo, por não ser uma atividade considerada estratégica.

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