São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Fino Trato
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE E não é que os bons-moços da F-1 perderam a compostura? Michael Schumacher e Gerhard Berger passaram a semana trocando elogios sinceros.A discussão, provocada pela polêmica da gasolina, ganhou tom pessoal e deu início ao mútuo bombardeio de adjetivos maldosos e críticas ácidas. Palavras como "mentiroso", "incapaz", "egoísta" e até mesmo um agressivo "palhaço" serviram de munição para a mídia se divertir. Pode parecer pouco em um universo que já assistiu bate-bocas mais acalorados, como a dos brasileiros Nélson Piquet e Ayrton Senna -o primeiro chegou a declarar suas dúvidas sobre a virilidade do segundo. Mas devolve à categoria um pouco de humanidade, colocada de lado depois que os pilotos se tornaram, em sua maioria, uns chatos de palavreado estéril e de sorrisos falsos. E é essa própria pasmaceira que acabou promovendo a briguinha dos dois em uma dipusta -é necessário reconhecer- saborosa. Berger não é o piloto mais brilhante do mundo e Schumacher não economizou ao qualificá-lo como "incapaz" depois que o adversário chiou ao perder a vitória artificial no Brasil. Do outro lado, Berger foi vil ao recordar que Schumacher comemorou com champanhe ("como um palhaço") sua vitória na corrida que matou Ayrton Senna. E ainda buscou na polêmica dos pesos dos pilotos um fato para poder chamar Schumacher de mentiroso -Berger foi bem nessa, pois não é "um fato normal" perder seis quilos durante um GP. A expectativa agora é ver o que acontece no encontro dos dois na reformulada mas para sempre maculada pista de Imola, no próximo fim-de-semana. Por enquanto, o desejo de qualquer torcedor é ver uma disputa extrapolando os limites da esportividade. Há muito não se vê isso. Mas o mais provável é que a corrida italiana seja um exemplo de segurança e bom-mocismo por força das lembranças e homenagens a Senna. Isso, se não beirar a mediocridade, caso Berger e Schumacher se encontrem, apertem as mãos e sorriam para as fotos, se desculpando pelos excessos cometidos, é claro, pelos jornalistas. Rubens Barrichello está com azar? Tudo bem. Mas é nesse momento que ele precisa mostrar que pode se superar. Texto Anterior: Hoje tem o Preud'homme do Canindé Próximo Texto: Notas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |