São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995 |
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Congresso boliviano aprova estado de sítio
FERNANDO CANZIAN
A medida terá vigência máxima de 90 dias e não pode ser prorrogada -exceto em caso de guerra civil ou internacional. O governo divulgou ontem as listas com os nomes das 323 pessoas detidas em seis diferentes pontos do país. Foram autorizadas visitas às prisões a partir de segunda-feira de representantes de comissões de direitos humanos. Deve ser autorizado hoje o relaxamento do estado de sítio em Santa Cruz de la Sierra, a segunda maior cidade, onde não havia manifestações mesmo antes da decretação do estado de sítio. La Paz segue totalmente controlada pelas Forças Armadas. Seis pessoas foram detidas na madrugada de ontem por não portarem salvo-condutos -exigidos entre 0h e 6h- e 250 veículos foram confiscados por terem vidros escuros (o que está proibido). A sessão no Congresso que sancionou o estado de sítio durou mais de 20 horas. Ela foi dividida em duas votações e intercalada por enfrentamentos verbais e físicos entre os parlamentares. Na primeira votação, os partidos governistas conseguiram, por 69 votos a favor e 32 contra, colocar o assunto em "regime emergencial". Com isso, os deputados foram obrigados a discutir a matéria até a sua votação final. Na manhã de ontem, o governo enviou seus principais ministros ao Congresso para explicar o estado de sítio aos parlamentares e às 13h35 a medida foi aprovada. A visível maioria de deputados e senadores teve apenas que levantar os braços na votação. Os votos não foram contados. "Este Parlamento não é mais legitimo. O governo pode fazer o que quiser que a maioria simplesmente levanta a mão', disse à Folha Guido Riveros, líder do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária), o principal partido de oposição, com 14 deputados e 3 senadores. A Secretaria Nacional de Educação da Bolívia determinou ontem a demissão e substituição dos professores que não voltarem às escolas a partir de segunda-feira. Professores e trabalhadores de vários setores faziam greve e manifestações de rua há três semanas na Bolívia por melhores salários e por serem contra as reformas (educacional e privatizante) que o governo está implementando. Texto Anterior: Menem enfrenta primeira greve geral Próximo Texto: EUA apóiam as medidas Índice |
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