São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Passo crucial

Passo crucial
Se a população precisa de novos e melhores serviços e o Estado não tem recursos para atendê-la, parece óbvia a conclusão de que esses serviços devem ser prestados por outrem; por alguém que tenha condições de fazê-lo.
Apesar de óbvia, e apesar de a alternativa -flagrantemente indesejável- ser a de simplesmente privar os cidadãos desses serviços, essa tese demorou muito para avançar no país. Afinal, contraria frontalmente a arraigada cultura do estatismo, que mesmo hoje conta com barulhentos adeptos.
Nesse contexto, é animadora a notícia de que teve início o processo de concessão para construir e manter rodovias no Estado de São Paulo. Segundo o plano anunciado esta semana, a partir de dezembro deverá estar nas mãos da iniciativa privada a responsabilidade por obras de continuação da rodovia dos Bandeirantes e de recuperação e manutenção da Anhanguera. A empresa vencedora da concorrência desembolsará os recursos e será ressarcida pela cobrança de pedágio, por 20 anos, pagando ainda ao Estado uma taxa pela concessão.
O benefício para o contribuinte paulista é cristalino. Sem a concessão, as obras simplesmente não seriam feitas e a manutenção ficaria cada vez mais precária, já que o Executivo paulista mais de uma vez admitiu que não conta com verbas para isso. Aliás, em função da catástrofe administrativa que por anos se abateu sobre São Paulo, não conta com verbas para quase nada, e, se as tivesse, deveria dedicá-las a outras áreas como saúde e educação.
O governo paulista promete ainda adotar o mesmo sistema não só em outras estradas estaduais como também noutros setores, da geração de energia ao tratamento de água e esgoto. É esperar -e cobrar- para ver.
É alentador de todo modo constatar que o poder público no país -e aqui incluem-se algumas prefeituras que adotaram também a solução da parceria com o setor privado- dá os primeiros passos rumo a modernização no seu modo de funcionamento. Contribuintes já escorchados por altos impostos e cidadãos desprovidos de serviços de todo tipo agradecem.

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