São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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A segurança do cidadão não está comprometida

JOSÉ AFONSO DA SILVA

"Chacina" é como a imprensa vem denominando homicídios múltiplos, com três vítimas ou mais. Na capital, foram 18 em 1994, dez das quais já esclarecidas, duas delas este ano. Em 1995 são 11, seis das quais já esclarecidas, o que soma oito esclarecimentos este ano. Na Grande São Paulo ocorreram: uma em Itapecerica da Serra, uma em Suzano, já esclarecida, duas em Francisco Morato, duas em Guarulhos, uma já esclarecida, e uma em Franco da Rocha. Todas caminham para o esclarecimento, prendendo-se os criminosos.
A investigação, em casos de homicídios sem testemunhas, é muito trabalhosa, exigindo dedicação extrema das equipes policiais, levantamentos técnico-científicos e outras tarefas especializadas. Trabalho que deverá produzir, em breve, novos resultados. Algumas dessas "chacinas" estão na iminência de serem elucidadas. Não se pode divulgar quais e, muito menos, os suspeitos, para não prejudicar a tarefa de prendê-los. As medidas tomadas nesta gestão têm produzido excelentes resultados, com elucidação imediata de vários casos, inclusive do passado.
Como se vê, a segurança do cidadão não está comprometida. De qualquer forma, a polícia de São Paulo não tem como objetivo apenas exibir estatísticas, ainda que excelentes. Vem atuando inclusive na prevenção, consciente de que a prevenção é praticamente impossível nesse tipo de crime, por suas características. Nesse campo podem ser citadas as medidas de desarmamento, como a restrição ao porte de arma, que caiu de uma média de 6.000 mensais, em 1994, para cerca de 600 este ano. Além disso, o policiamento preventivo está sendo intensificado nas regiões onde foi notada maior incidência desse tipo de delito.
Na reunião especialmente convocada pela Secretaria da Segurança Pública para tomar essas medidas, envolvendo a Polícia Civil e a Polícia Militar, foi constituída uma coordenação da atuação do Departamento de Homicídios, que trabalha na capital, com as unidades do Demacro, que cobrem a grande São Paulo, e com as unidades do Decap, também da capital, e do Denarc, que atua contra narcóticos, tendo em vista que grande parte das "chacinas" está ligada ao consumo de drogas. Unem-se a esse trabalho a Corregedoria da Polícia Militar e a Corregedoria da Polícia Civil, pois não se pode descartar o envolvimento de policiais, nos casos dos denominados "justiceiros", como no caso recentemente elucidado.
O resto cabe ao Ministério Público, que acusa; e ao Judiciário, que condena.
Uma última consideração. Nenhum crime se justifica. Mas a repulsa é maior quando se nota, em alguns casos, que foram mortas pessoas só pelo fato de estarem no local onde o criminoso resolveu matar aquela outra efetivamente visada. E um alerta! Aquele que contrata um criminoso para vingar-se de desafeto poderá ser a próxima vítima dele.

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