São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresa surgiu na Guerra

DA SUCURSAL DO RIO

A Vale do Rio Doce nasceu de uma combinação da resistência nacionalista à exploração do minério de ferro brasileiro por estrangeiros com o interesse das potências aliadas (Estados Unidos e Inglaterra) em ter uma garantia de abastecimento de minério durante a Segunda Guerra Mundial.
As principais reservas da região de Minas Gerais pertenciam, no começo do século, à Itabira Iron Ore Company, empresa fundada em 1911 por três ingleses, com sede em Londres, e depois vendida para o norte-americano Percival Farquhar.
Itabira, a 99 km de Belo Horizonte, é o centro da região ferrífera mineira.
A resistência nacionalista, liderada principalmente pelo ex-presidente Arthur Bernardes (1922-1926). Mineiro da cidade de Viçosa, o presidente nunca deixou que o contrato entrasse em vigor.
Um dos advogados da Itabira Iron Ore foi Assis Chateaubriand, que depois se tornaria dono da maior rede de comunicações do Brasil, os Diários Associados.
Em 3 de março de 1942 foram assinados os Acordos de Washington, base para a fundação da Vale. Por eles, o governo inglês se comprometia a comprar e transferir para o governo brasileiro as jazidas de ferro da Itabira Iron Ore.
O governo dos EUA se comprometeu a emprestar US$ 14 milhões para reaparelhamento da Estrada de Ferro Vitória-Minas e para a compra de equipamentos para a mina de Itabira.
Estavam lançadas as bases para a criação de uma empresa brasileira para exportar minério de ferro. Em 11 de janeiro de 1943 foi realizada, no Rio de Janeiro, a assembléia de fundação da Companhia Vale do Rio Doce.
A partir de 1975 a Vale se tornou a maior exportadora mundial de minério de ferro e diversificou suas atividades.
Desenvolveu a filosofia de controlar, ao mesmo tempo o minério, a ferrovia para o transporte, o porto para o embarque e o navio para o transporte.
Em 1984 a União quase perde o controle acionário da Vale no processo de lançamento no mercado de US$ 250 milhões em debêntures (títulos para captação de crédito) conversíveis em ações no mercado para obter recursos destinados ao projeto Carajás.
Segundo relato do ex-senador Severo Gomes, no livro "Companhia Vale do Rio Doce - Uma Investigação que Não Houve", o governo teve que comprar em um prazo curto de seis dias US$ 20 milhões dessas debêntures para evitar a perda do controle.
As emissões se encerraram quando alcançaram US$ 181 milhões.
Severo Gomes levantou suspeitas de que o lançamento das debêntures era desnecessário e que não só colocou em risco o controle estatal sobre a empresa como favoreceu seus compradores na hora da conversão em ações.

Texto Anterior: Comprador da Vale terá minas de ferro para explorar durante quatro séculos
Próximo Texto: Presidente é contra dividir estatal para privatização
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.