São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Carajás utiliza radar para controlar onças

Onças são monitoradas por radar

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CARAJÁS

O Núcleo Urbano de Carajás, a 620 km de Belém (PA), criado para abrigar funcionários da empresa que trabalham nas jazidas da região, é contornado por uma cerca de arame galvanizado com 4,2 metros de altura e 9 quilômetros de extensão para impedir ataques de onças.
Em 17 de dezembro de 91, uma onça matou um garoto. Desde então, os felinos capturados na região são levados de helicóptero para áreas de floresta distantes. Lá, são adormecidos e recebem coleiras com emissores de ondas de rádio cujos sinais permitem o monitoramento por radar.
É difícil encontrar buraco, pichação, telefone público danificado ou um pedaço de papel nas ruas do Núcleo Urbano. É uma cidade com padrões de Primeiro Mundo, construída em plena selva.
A cidade abriga hoje os 1.566 funcionários da Superintendência de Carajás e também empregados de empreiteiras e prestadoras de serviços e duas juízas da cidade de Parauapebas.
Os 6.000 moradores não contam com shopping nem motel, mas pagam taxas simbólicas de água e luz. Não pagam aluguel e nem imposto municipal. "Todos os serviços públicos são feitos pela empresa", diz o administrador do núcleo, Marco Túlio Ferreira, 39.
Segundo ele, em Carajás há sempre vagas nas escolas, leitos disponíveis no hospital, a mortalidade infantil é quase zero e todos têm segurança 24 horas.
Os moradores porém se queixam da interferência da empresa na vida particular de cada um. Dizem que são advertidos pela chefia até quando têm discussão em casa ou em um bar. A empresa nega.
Os funcionários solteiros (33%) dizem que precisam driblar a segurança patrimonial da Vale para namorar nos chamados "matéis" -as áreas verdes do núcleo.
O Núcleo Urbano também atende a população indígena da região. Como o índio Bekukrain, que com seis meses de vida, viajou de helicóptero da aldeia Xicrin do Cateté, vizinha à área da Vale, para a cuidar da saúde no hospital de Carajás.
Ele veio em companhia dos pais Kabitá, 24, e Ngo, 15, para fazer exames e marcar uma operação. Segundo o pai, que fala um português arrastado, o filho tem um tumor no pescoço.
A empresa registra que a população indígena próxima teve um crescimento de 33% desde 1989 -de 392 para 519 índios.

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