São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995 |
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Crise do SFH se mantém no Plano Real
FIDEO MIYA
Esses dados constam do último relatório do Banco Central sobre as estatísticas do SFH. Eles mostram um crescimento de 8,46% na quantidade de unidades e de 80,80% nos valores financiados, em comparação com o mesmo período de 1994 -7.179 moradias e R$ 159,674 milhões, respectivamente. Os dados do BC mostram que o Plano Real não alterou o quadro de colapso do SFH e também do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). A poupança e o FGTS foram as principais fontes de recursos para financiar a casa própria até o início dos anos 80. Nos 12 meses entre o final de fevereiro de 94 e o mesmo mês deste ano, US$ 1,937 bilhão foram aplicados em financiamentos de 65.374 residências, segundo dados do BC. Desse total, US$ 744 milhões foram destinados à aquisição de 24.513 unidades -incluindo imóveis novos e usados- e US$ 1,193 bilhão para construção de outras 40.861. Segundo técnicos do Banco Central, houve uma queda de 9% na quantidade de unidades financiadas pelos sistema em comparação com os 12 meses anteriores, embora o valor total dos financiamentos, convertido em reais, tenha aumentado 78%. Número insignificante Segundo estimativa do diretor de um dos maiores bancos privados do país, descontando-se os imóveis usados, o número de novas moradias financiadas em todo o ano de 94 não passou da marca de 60 mil unidades. É um número insignificante, em comparação com o déficit habitacional do país, estimado atualmente em 12 milhões de famílias sem moradia. Em 1980, lembra o diretor do banco, o Sistema Financeiro de Habitação financiou 1,8 milhão de residências novas no país. Ele diz que a comparação com outros países realça ainda mais o colapso do sistema. Em 1994, foram financiadas 360 mil unidades residenciais no México, 400 mil na França e 600 mil na Alemanha. Segundo diretores de bancos privados, o Plano Real até agravou o quadro de crise no setor. Isto porque os bancos que captam dinheiro da caderneta de poupança são obrigados a aplicar 56% do saldo em financiamentos pelo SFH. O governo exige que 30% do dinheiro que for captado a mais seja depositado no Banco Central na forma de compulsório. Dinheiro novo Em tese, sobram 14% dos recursos para financiamentos pela carteira hipotecária. Mas uma parcela desse dinheiro precisa ficar em caixa para atender às retiradas dos poupadores. Na prática, falta dinheiro novo para financiar a casa própria, já que desde agosto de 94 as contas de caderneta de poupança vinculadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) estão registrando captação líquida negativa, ou seja, as retiradas superam os depósitos feitos pelos poupadores. Texto Anterior: Citi prevê dois cenários Próximo Texto: Bancos suspendem novos financiamentos Índice |
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