São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995 |
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Relação com governo divide empreiteiros em eleição
FREDERICO VASCONCELOS
A eleição deverá indicar como será o futuro relacionamento com o principal contratante, o Estado, que está sem recursos. Por trás da disputa, há a tentativa de fortalecer a imagem de um setor desunido e desgastado pelas denúncias de irregularidades. O presidente Marcos Villela de Sant'Anna tenta a reeleição, competindo com José Eduardo do Nascimento, ex-presidente da Apeop (Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas). Em comum, ambos são empreiteiros, nome que o setor evita por estar associado à imagem de corrupção nas obras públicas. "Infelizmente, empreiteiro quase virou adjetivo", admite Sant'Anna. A CBIC tem sede em Brasília, reúne 57 sindicatos e associações da construção civil, engenharia, construção pesada e do mercado imobiliário, num universo de mais de 50 mil empresas, de microconsultorias a megaconstrutoras. A base ampla, porém, ainda não garantiu à CBIC peso proporcional no debate de questões nacionais (é sintomático o nome da chapa da situação: "CBIC Forte"). A oposição ("Nova CBIC") diz que o grupo em torno de Sant'Anna tem "baixa legitimidade e fraca representatividade". Enquanto a chapa da oposição tem maior participação de empresários paulistas, a da situação tem apenas o representante do Sindicon, um sindicato cuja legitimidade vem sendo contestada pelo SindusCon-SP (o maior sindicato da construção e que se mantém neutro na disputa nacional). Nascimento diz que a CBIC está "à margem da movimentação pelas reformas constitucionais". Sant'Anna rebate: "A cúpula da oposição pertence à administração atual. Estivemos juntos. Se os resultados não foram satisfatórios, temos a humildade de admitir que nós todos não conseguimos". Nascimento diz que o programa da oposição reflete "a lógica do mercado" (ampla parceria privada na modernização da infra-estrutura pesada e expansão do mercado imobiliário com programas habitacionais de interesse social). O programa da situação, ainda segundo Nascimento, está centrado na idéia do "Estado purificado" (ou seja, a defesa de maior regulamentação, como a nova lei das licitações). "Isso só agrava as distorções nas concorrências, a irresponsabilidade na contratação sem cobertura de recursos e os atrasos nos pagamentos", diz Nascimento. "Somos a favor da parceria e, digo mais, somos pioneiros", refuta Sant'Anna. Ele foi um dos organizadores, em 1990, do primeiro seminário internacional sobre concessão de obras rodoviárias. "A tese da parceria é mundial e irreversível. Mas não podemos deixar que a sociedade se iluda, pois onde não houver interesse econômico, o capital privado não vai", diz Sant'Anna. Texto Anterior: O erro de tributar fortunas Próximo Texto: Corrupção gera divergências Índice |
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