São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Reengenharia de salários é necessária

DA REPORTAGEM LOCAL

O valor dos salários pagos dentro de uma empresa deve estar atrelado ao nível de poder de decisão de cada profissional e não ao cargo que ele exerce, segundo a opinião do consultor Winston Pegler, 50, diretor-presidente da Pegler Associados.
A questão foi debatida na segunda-feira passada durante a palestra "Reengenharia e seus reflexos na área de cargos e salários", realizada no auditório da Folha. A palestra fez parte do ciclo "A Busca de Qualidade Total".
Pegler apresentou as opções para as empresas que querem implantar a reengenharia também na área de cargos e salários. Segundo ele, muitas empresas iniciam os processos de reengenharia, mas demoram a se preocupar com a questão salarial.
"Até bem pouco tempo se elegiam fatores como escolaridade, experiência, liderança e tutela sobre bens da empresa para determinar o valor dos salários dos funcionários. Com a reengenharia, passou a ser levado em consideração o poder de decisão dos grupos dentro da empresa", afirma.
Segundo Pegler, o sistema de pagamento utilizado até então pelas empresas gerava uma competição entre departamentos que acabava dispersando a equipe ao invés de uní-la.
"Os proprietários acabam incentivando este tipo de comportamento, gerando a concorrência individual", afirma.
Para o consultor, o trabalho de reengenharia na área de Recursos Humanos deve começar com um a conscientização dos donos e presidentes de empresas.
"O proprietário só quer remunerar seus funcionários de acordo com a importância de cada um dentro", diz Pegler.
Segundo ele, este sistema de remuneração variada é adotado por várias empresas.
"Mas os problemas surgem quando os salários estão abaixo dos valores de mercado". Segundo o consultor, empresas como a Brahma, por exemplo, têm 50% do salário variado.
Com a reengenharia, as empresas estariam se baseando no poder de decisão dos grupos para avaliar os salários dos funcionários.
"Numa empresa que aplica a reengenharia as decisões importantes são tomadas em conjunto, pois os cargo são multidisciplinares", afirma Pegler.
Sobras
Durante a implantação da reengenharia surgem muitos cargos excedentes. Segundo Pegler, estes cargos têm origem emocional ou técnica.
O primeiro caso inclui as pessoas que trabalham na empresa há muitos anos ou são parentes dos donos.
O segundo compreende os profissionais de alto nível técnico, com qualificações difíceis de serem encontradas no mercado, e que custam caro a empresa.
"Estes casos devem ser apresentados à direção e reavaliados. No caso dos técnicos, é preciso analisar se eles são realmente necessários ao funcionamento da empresa", afirma o consultor.
Outro problema que aparece quando se inicia a implantação da reengenharia de salários é o excesso de cargos de coordenação dentro da empresa.
"Estes problemas são mais simples de resolver. Os funcionários devem ser remanejados ou, se for o caso, dispensados da empresa. Mas na maioria das vezes isso não é necessário. Com a nova divisão das atividades vão aparecendo os cargos que sobram e as pessoas que ocupam estes cargos acabam se demitindo", afirma.
Estatais
Para o consultor, a reengenharia dentro de uma empresa estatal ainda está longe de se transformar em realidade no Brasil.
"Nestas empresas existem muitos 'esconderijos' para cargos e salários em excesso. Além disso, o interesse em contornar este problema é mínimo", afirma Pegler.

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