São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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O domínio italiano

SÍLVIO LANCELLOTTI

Odomínio italiano
Apesar da eliminação da Sampdoria na Recopa, a Itália continua liderando tranquila o ranking interclubes da Europa. Trata-se, aliás, de um domínio já crônico, inaugurado na temporada de 1988/89.
Então, a Bota colocou três finalistas nos torneios do Velho Continente. O Milan conquistou a Copa dos Campeões. O Napoli, a Copa da Uefa. Só a Samp perdeu a Recopa. Em 1989/90, a Itália registrou um recorde de antologia. Produziu quatro finalistas e ganhou as três taças de plantão. O Milan bisou a façanha na Copa dos Campeões. A Samp enfim arrebatou a Recopa. A Juventus superou a Fiorentina na decisão da Uefa. Apenas em 1990/91, a Bota não exibiria agremiações em ao menos duas das competições da Europa. De todo modo, a Internazionale sobrepujou a Roma na decisão da Uefa.
Para resumir, nos últimos sete anos a Itália fez 20 dos 42 finalistas dos três certames interclubes. Em seis temporadas, levantou três vezes a Copa dos Campeões. Duas vezes a Recopa. Cinco vezes a Uefa. Aliás, já garantiu também a Uefa de 1994/95 -são a Juve e o Parma os finalistas. De 20 taças, a Bota capturou 11 (55%).
A Uefa nesse período se transformou numa exclusividade. O Napoli ficou com a Copa em 89. A Juventus, em 90 e em 93. A Internazionale em 91 e em 94. Deu azar o Torino, em 92, quando perdeu para o Ajax da Holanda em dois empates, 2x2 e 0x0. No caso, o Ajax fez o dobro dos tentos.
Em comparação aos 11 títulos dos italianos (que serão 12 se o Milan bater o Ajax na próxima decisão da Copa dos Campeões), as outras nações da Europa aparecem a uma distância estelar. Alemanha, Espanha e Inglaterra reuniram dois sucessos cada qual, França, Holanda e Iugoslávia, um.
Por que tanta vantagem? Como bem observou o "capo" Matinas Suzuki Jr., na sua coluna de quinta-feira, o diferencial em favor da Itália provém da qualidade de seus jogadores nativos e do nível superior dos importados. Dos países com o melhor futebol do universo, apenas o Brasil não enviou os seus maiores craques à Bota. E esse fato também tem uma explicação.
A Itália se cansou do temperamentalismo, da ciclotimia e do ralo profissionalismo dos brasileiros. A Itália não mais aceita atletas em busca de fortuna veloz, como ocorreu com Sócrates, Renato Gaúcho, Andrade ou Geovanni.
Prefere quem tope contratos longos e cumpra rigorosamente as obrigações. Esta é uma história que fica para outro domingo...

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