São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995 |
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Voando com pés no chão Cosette Alves COSETTE ALVES
Divã -Afinal, quem é você? -Em primeiro lugar, alguém que leva a sério o que faz. -Você se acha louco, ou mais certinho? -Sou extremamente racional, mas tento misturar as duas coisas. O resultado do trabalho tem que ter um alto nível de consciência. Ao mesmo tempo, tenho que, em alguns momentos, soltar o meu inconsciente e deixar ele tomar conta de mim, para que surjam facetas novas do personagem no momento de criação. Mas tenho que preservar um nível de lucidez. Não sou maluco, sei muito bem o que eu faço. A disciplina é essencial. -Como é estar casado com uma mulher bonita, famosa, talentosa como a Cláudia Raia? -Sinto-me orgulhoso. -Foi amor à primeira vista? -À segunda vista. Na segunda novela. Antes, houve uma resistência da minha parte, a achava meio aloprada. Eu estava casado e ela também. Trabalhamos juntos, como irmãos. De repente, percebi que tudo nela era interessante. Resisti até um dia em que eu fui assistir o seu espetáculo. Quando a vi dançando, cantando e representando, me entreguei. -E filhos? -Estou naquela fase do homem que passa a ter a necessidade dos filhos. Não é um desespero. Tem a ver também com a morte do meu pai. Planejamos talvez para daqui um ano. -O que você mais ama na Cláudia? -Humor, sinceridade, sua espontaneidade e inteligência. -Você acredita em vida após a morte? -Acredito. Na doença do meu pai, que estava com câncer, eu via nos olhos dele o medo da morte e não queria que ele morresse com tanto medo. Expliquei o que estava passando. Consegui lhe falar o que eu queria, ele percebeu. Através daquele diálogo, comecei a me entender mais no plano espiritual. -Uma boa e uma má recordação de sua infância. -Lembrança boa: meu pai chegando do trabalho e eu correndo para abraçá-lo. Texto Anterior: Voando com pés no chão Próximo Texto: Voando com pés no chão Índice |
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