São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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FHC nomeia seu primo e sócios de Pelé para o Ministério dos Esportes

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso nomeou seu primo Joaquim Cardoso presidente do Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Esporte) e designou sócios e amigos do ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para o conselho da instituição.
Os sócios de Pelé Roberto Diniz Seabra e Hélio Viana de Freitas foram designados para o Conselho Deliberativo. Vice-presidente do conselho, Freitas é também vice-presidente da "Pelé, Sports e Marketing". Ele diz que todos vão trabalhar de graça -os cargos do conselho não são remunerados.
Integram ainda o conselho mais dois amigos de Pelé, o jornalista Juca Kfouri e o empresário Rogério Coelho Amato, além do publicitário Mauro Salles e de desportistas como Nelson Piquet, Hortência Oliva e Carlos Nuzman.
Cabe ao conselho aprovar o Plano Nacional de Desporto, códigos de justiça desportiva, as prestações de contas anuais da autarquia e planos de trabalho.
Criado pela medida provisória 962 e regulamentado por decreto, o Indesp é uma autarquia com autonomia para estabelecer políticas e programas do desporto, captar recursos e manter intercâmbio com organismos internacionais.
O deputado federal Miguel Rosseto (PT-SP) acha que a criação da autarquia por decreto é inconstitucional. Ele vai propor que o governo envie um projeto de lei ao Congresso, criando o Indesp.
Outro lado
O Palácio do Planalto confirmou que Joaquim Cardoso é primo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A assessora de imprensa da Presidência, Ana Tavares, disse que esse fato "não representa nada de mais".
"Ele trabalhava antes no MEC (Ministério da Educação) na gestão do presidente Itamar Franco. Deve ter sido apenas remanejado", disse Ana Tavares.
Ela sugeriu que o próprio Joaquim Cardoso dê uma explicação, se for o caso. A Folha não conseguiu localizá-lo ontem à noite.
O ministro Pelé disse que colocou no Conselho Deliberativo do Indesp pessoas da sua confiança, para realizar "um trabalho sério". Ele não vê problemas na indicação dos seus sócios e amigos.
"Eu confio no trabalho do Seabra na parte de análise de projetos. Não vou convidá-lo porque é meu sócio?" Sobre Amato, declarou: "Ele é como meu irmão, cresceu comigo. Não vou convidar porque é amigo meu? Eu tinha que pegar pessoas de confiança".

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