São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Ex-combatente é ameaçado de despejo

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sebastião Alves Monteiro, 73, que lutou nove meses contra os nazistas na Itália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), trava agora um novo "combate". Os novos adversários são: o próprio Exército do Brasil, uma oficial de Justiça e seis PMs.
A oficial e os PMs se apresentaram ontem com uma ordem judicial para despejá-lo da casa onde mora, no bairro do Cruzeiro, em Brasília. O imóvel é do Exército do Brasil, que venceu na Justiça.
A família e os vizinhos fizeram uma manifestação na porta da casa de Monteiro. Não houve conflito. Às 18h a polícia e os oficiais de Justiça foram embora.
Alguns vizinhos de Monteiro compraram seus imóveis da União em 1990. Mas o ex-combatente já estava brigando na Justiça pelo direito de continuar morando nele desde 1981, quando se aposentou.
A primeira determinação judicial para desocupar o imóvel chegou em novembro do ano passado. A ordem de despejo acabou suspensa por 90 dias. Depois, a família teve uma audiência com o então ministro-chefe da SAF (Secretaria de Administração Federal), general Romildo Canhim.
Ficou acertado que a SAF daria ao Exército dois imóveis em troca da casa, que seria doada a Monteiro. A família pediu garantia escrita. Segundo Francisco de Assis, 31, filho de Monteiro, que estava na audiência, Canhim se irritou e disse que sua palavra bastava.
Depois de retornar da Europa, ele não quis mais continuar no Exército e foi para Araçatuba (SP) trabalhar em lavouras de algodão e amendoim.
Em 68 mudou-se para Brasília e, dois anos depois, estava trabalhando como agente de portaria no Exército, onde ficou até 81.
Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército, Monteiro teve oportunidade de comprar uma casa do Exército em outro local mas perdeu o prazo de inscrição.

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