São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Medidas antiterror de Clinton geram polêmica

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Com o apoio dos principais líderes da oposição no Congresso, as novas leis antiterrorismo do presidente Bill Clinton têm aprovação segura.
Mas elas já estão sendo contestadas por grupos políticos de direita e de esquerda que as consideram uma ameaça às liberdades civis nos EUA.
Clinton quer ampliar o poder da polícia federal para: obter acesso a contas bancárias e de cartões de crédito, realizar escuta telefônica e infiltrar agentes em organizações suspeitas.
As novas leis também vão proibir levantamento de fundos para entidades que o presidente da República definir como terroristas e permitir o uso de testemunhos secretos em processos de deportação de suspeitos.
Um Centro de Contraterrorismo Doméstico vai ser criado sob o guarda-chuva da polícia federal (FBI) para coordenar a ação contra esses grupos.
Os defensores das liberdades civis acreditam que muitas dessas medidas podem vir a ser usadas contra adversários políticos do presidente e ameaçam o direito de privacidade de todos os residentes nos Estados Unidos.
O FBI teve seu poder de investigação secreta muito limitado durante a década de 60, como consequência da descoberta de que ele havia sido utilizado para intimidar inimigos ideológicos do governo.
O líder do movimento dos direitos civis e prêmio Nobel da Paz Martin Luther King Jr., por exemplo, tinha quase todas as suas atividades, inclusive as mais íntimas, monitoradas por gravadores secretos do FBI.
Atores e intelectuais também tiveram suas vidas privadas devassadas pelo FBI na década de 50, durante a perseguição a suspeitos de "atividades antiamericanas" feita pelo senador Joseph McCarthy.
Defensores das medidas propostas por Clinton argumentam que outras democracias, como França e Reino Unido, mantiveram as liberdades civis e criaram mecanismos eficientes de defesa contra atos terroristas.
Segundo eles, a tragédia de Oklahoma marca uma nova era na vida do país. Foi o pior atentado terrorista da história do país e o primeiro desde 1927 realizado fora de um grande centro urbano.
Depois de Oklahoma, o sentimento de insegurança coletiva se generaliza, de acordo com esse raciocínio, e exige a adoção de medidas duras.
Além dos projetos de lei enviados ao Congresso, Clinton determinou que se redobrasse a vigilância em todos os edifícios do governo federal no país. (CELS)

Texto Anterior: Equipes de resgate se aproximam da creche
Próximo Texto: Presidente ataca os 'mensageiros do ódio'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.