São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Vizinha ouviu explosão em fazenda de envolvido

DANIELA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A DECKER (MICHIGAN)

Joan Oscrowski, 70, disse ter ouvido explosões na fazenda de James Nichols, detido pelo FBI (polícia federal) como testemunha pelo atentado de Oklahoma.
As buscas na propriedade de Nichols na comunidade rural de Decker (Estado de Michigan, região centro-norte oriental dos EUA) terminaram ontem.
Seu irmão Terry também está detido como testemunha e um amigo de ambos, Timothy McVeigh, foi indiciado pela explosão no edifício federal.
Os três são suspeitos de terem ligações com o grupo paramilitar de direita Milícia de Michigan.
Para Oscrowski, que levou câmera fotográfica para registrar o trabalho dos jornalistas, James Nichols organizou o atentado.
"Tenho certeza de que ele tem conexão com o caso". Segundo ela, os vizinhos sabiam da relação de Nichols com a Milícia de Michigan. "Esse grupo é assustador", disse.
Ela e seu filho, Jerry, 44, afirmaram que ouviram com frequência explosões na propriedade de Nichols. "Não sei se isso pode ser evidência, depende do que o FBI encontrar na fazenda", disse Jerry.
Amigo pessoal de Nichols, o fazendeiro Phillip Morowski leu ontem um texto em defesa de Nichols. "Conheço esse homem. Ele não faria isso".
Morowski disse que foi duas vezes com Nichols a reuniões da Milícia de Michigan. "As pessoas da milícia querem defender seus direitos. O governo está infringindo a Constituição", disse.
Morowski tremia enquanto falava aos repórteres. "Vim aqui porque a imprensa está divulgando mentiras. Condenaram James sem ter provas. Alguém tinha que parar tudo isso".
Ele disse ter conversado por telefone na sexta-feira passada com Nichols, que estaria nervoso. Segundo Morowski, tinha a voz trêmula e falava que era inocente.
Em seu chapéu, Morowski tinha um desenho de uma cruz e a inscrição "Vida é Cristo". Ele disse ser metodista e afirmou que o amigo Nichols acredita em Deus.
Parafernália
Quando o FBI liberou o trecho da estrada que dá acesso à propriedade de James Nichols, às 16h de ontem (17h em Brasília), cerca de 30 jornalistas correram para instalar antenas e câmeras.
Telefones celulares e câmeras com teleobjetivas completavam o cenário jamais visto na região.
Naoma Dush, dona de uma lanchonete a 2 km da propriedade de Nichols, disse que teve o movimento dobrado desde sexta.

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